O fracasso do Beijo e o fim do tesão

O povo brasileiro adora dizer que é bom de cama. Mentira das grandes.

O primeiro beijo define a qualidade do sexo. Outra mentira.

Não sabemos ter uma conversa realmente séria sobre sexualidade. Verdade.

Inveja desse pescoço!

O maior problema para falar de sexo é: todo mundo acha que é especialista.

Brasileiro, então, tem aquela autoimagem de povo caliente e cheio de intimidade.

Somos um povo tão recatado como qualquer outro, apesar de pesquisas dizerem o contrário.

O Brasil é o segundo país onde mais se faz sexo, no entanto menos da metade das pessoas se mostra satisfeita com sua vida sexual. Esse é o resultado de uma pesquisa conduzida com 26 mil pessoas em 26 países e divulgada ontem pela Durex, empresa européia de preservativos. Em média, o brasileiro tem relações sexuais 145 vezes por ano – perde apenas para os gregos, com 164 vezes -, diz que sexo é muito importante (resposta de 79% dos participantes do estudo) e afirma que sua vida sexual é excitante (64%). Mas, em compensação, só 42% se declaram satisfeitos (a porcentagem é a mesma tanto para homens como para mulheres). A média mundial de satisfação é de 44%.
Os problemas apontados para esse mau desempenho são cansaço e falta de romantismo: 57% dos entrevistados disseram que melhorariam a satisfação sexual se estivessem menos estressados; 40% afirmaram que gostariam de ter mais carinho e amor. O levantamento, feito em agosto e setembro, traduz em números o que psicólogos e especialistas em orientação sexual têm observado nos consultórios: quantidade definitivamente não é sinônimo de qualidade.

Onde quero chegar com isso? Na sua cama. Explico.

Se tornou senso comum que sexo deve ser conversado para que sua qualidade seja melhorada sempre e o casal consiga chegar num acordo sobre suas preferências. Mas o que ouço das pessoas é bem diferente. Ninguém fala de sexo na realidade. Falamos com um riso desconcertado ou num tom jocoso.

Na cama há mais um engano: se espera do outro uma sabedoria instintiva. A ausência dela é vista como inexperiência ou fracasso sexual “não é boa(m) de cama”. Ou ainda pior, será que não sou atraente? Será que me ama? Será que vou ofender se eu falar algo? Será… será… será…

Essas perguntas invisíveis vão se tornando com o passar do tempo absurdamente incômodas. Existe uma expectativa de que tudo saia perfeito, afinal espera-se do homem todo o vigor e pegada e da mulher sensualidade e rebolado sexual.

Poucos estão realmente abertos para aprender com o corpo do outro. Algumas falas de interessantes que podem caber antes, durante ou depois de uma transa:

Ela: “Sabe amor, gosto tanto quando você segura meu quadril com força quando me penetra por trás”

Ele: “Esse lugar que você passou a língua me deixa muito excitado. Quando acelera com a língua e depois aquece com sua boca fico maluco!”

Ela: “Já percebeu como é delicioso quando cavalgo em você e me olha bem fundo nos olhos enquanto eu sinto você bem dentro de mim?”

Ele: “Seu gemido me deixa pronto para tudo quando faz bem perto do meu ouvido. Fico louco de tesão!”

Ela: “Quando me trata como sua putinha eu fico tão molhada que não aguento a hora de você me penetrar.”

Ele: “Quando a gente brinca de situações diferentes, posições novas e lugares inusitados eu conheço cada parte de você e me sinto muito bem por você me acompanhar nessas loucuras.”

Ela: “Tem dias que seu beijo suave me deixa excitado quando percorre seus lábios nos meus. Mas tem dias que fico pronta logo que você morde minha boca e invade cada espaço!”

Enfim, existem mil maneiras de falar sobre sexo, sem que pareça lição de moral ou bronca.

Durante o sexo você pode se comunicar conduzindo com gentileza a mão, a boca, o olhar, o corpo e tudo mais. Um sorriso, um gemido, um som qualquer pode dar as pistas dos caminhos que mais ajudam no prazer.

Ao invés de imperativos, faça perguntas, sugira, brinque, sorria, afinal, sexo é vida e leveza.

Se você não é leve, desenvolva isso, dentro ou fora da cama.

Num relacionamento de longo prazo parece que é mais difícil mudar certos hábitos e costumes. (Falarei disso amanhã)

Parece que vai ofender a pessoa, ou mostrar que ela não transa bem, ou que você a odeia ou ainda que teve um amante.

Parece que mudar ou pedir algo no sexo é sempre um risco. E para não correr o risco de um resultado negativo, ninguém fala nada. A cama esfria, o tesão desaparece, mas eles se amam e fingem que tem tesão. Resultado: insatisfação sexual e perda de brilho nos olhos.

Seja o beijo ou o sexo, ninguém é realmente mestre definitivo porque são dois corpos e duas vontades, não apenas um…

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About the author

Sonhador nato, psicólogo provocador, apaixonado convicto, escritor de "Como se libertar do ex" e empresário. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas medita, faz dança de salão e lava pratos.

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