Muitas pessoas me perguntam (em email e inbox) como serem bons de cama, afinal querem fazer a pessoa amada feliz. Os tabus e dilemas sexuais ainda são muito correntes. O problema é que a pergunta sobre ser bom de cama está errada pois o sexo não é um cercadinho desconectado da vida como um todo.

Grande parte das pessoas mantem a ideia de sexo, tesão, sensualidade, restrita a quatro paredes. Acho isso uma ideia equivocada, pois seria como imaginar que as habilidades que você tem no trabalho não podem ser extravasadas e emprestadas para a vida pessoal e vice-versa.

Minha capacidade de olhar nos olhos e ser verdadeira acontece dentro e fora da cama. Mas se o sujeito não consegue manter a concentração e é muito ansioso ao longo do dia isso afeta sua performance sexual.

O sexo foi colocado na última prateleira dos assuntos da vida cotidiana, pois todos temem ser postos a prova ou questionados sobre suas competências e habilidades. Muitas pessoas associam a sexualidade ao seu sentimento de pertencimento, importância e aceitação, ou seja, se são desejadas remetem ao amor, mesmo quando as duas coisas podem caminhar separadas.

A culpa que herdamos das gerações passadas impede que a palavra pinto, boceta, trepada façam parte do dicionário pessoal e apenas guardada para a hora H.

Não acho que todos devam sair falando do tamanho da conta bancária ou dos centímetros guardados na cueca, mas também não acho que devem ser excluídas ou convertidos em palavrões agressivos.

Sexo não é um tema isolado dos demais, pois a pessoa distraída, pouco criativa, sem energia ou vitalidade vai ter esses mesmos recursos (ou a falta deles) a sua disposição no momento do sexo.

Curiosamente tem gente que se gaba: “sou um bosta na vida, mas na cama mando muito bem”. Será que a pessoa reserva sua capacidade de dominação e afirmação só na cama? Será que apenas quando está deitada e pelada é que coloca todo o seu potencial para fora? Será que o sexo é um mundo a parte?

Não consigo pensar que a generosidade de agradar e a receptividade ao prazer fiquem trancafiadas da porta para fora e não entrem no quarto. Sei que certas habilidades corporais podem ser mais bem utilizadas na cama do que fora dela, pois são inteligências diferenciadas, do mesmo jeito que um bom jogador de futebol pode não ser muito intelectualizado.

Mas não é um mundo a parte, pois se o sexo for o desempenho de apenas uma noite todos os podres pessoais ficarão encerrados naquela caixa fechada, mas se a história do sexo se estender por uma vida inteira vai faltar repertório. É disso que os(as) trepadores profissionais se valem, apostam tudo numa noite só. Se quiser chegar mais perto ou passar muito tempo é proibido, pois a máscara cai.

Portanto, se você quer ser bom de cama seja uma pessoa mais completa fora dela.