Mulheres com visão além do alcance
O treino feminino para captar a realidade de modo mais global é ancestral. Desde os nossos antepassados arqueológicos elas desenvolveram uma habilidade reforçada geneticamente e psicossocialmente de garantir o cuidado da prole para a perpetuação da espécie.
Além do alcance mesmo, bem além...
Não é de hoje que as mulheres captam realidades mais sutis que a maior parte dos homens ignora ou desconhece.
O repertório emocional é mais vasto, não que isso garante que necessariamente seja bem utilizado, pois precipitação, imaturidade e egocentrismo não são patrimônio nem de homens ou de mulheres.
Isso quer dizer que quando essa capacidade de ver além do alcance é usada por uma mulher imatura é capaz de criar muita confusão em sua vida pessoal.
Cena 1: balada
Ela dançando na direção dele. Ele recebe bem a aproximação e se abre.
Ela ao ouvido dele: tudo bem?
Ele: melhor agora! Seus olhos são lindos!
Ela: os seus também! (pensamento: meus filhos serão lindos com essa combinação de cor de olho)
Música acaba.
Ele: vou dar um pulo ali!
Ela: como você me trata assim logo de cara?
Ele: ?!?
Cena 2: casal no restaurante
Ela: o dia foi tão cansativo no trabalho
Ele: relaxa, vai dar tudo certo.
Ela: você nunca vai entender o que eu falo mesmo, né? (pensamento: como vou passar o resto da vida com um ogro desses?)
Ele: ?!?
Essas situações retratam uma leve queda de algumas mulheres a usarem seus dons de “previsibilidade” até limites exagerados. Brinco que elas tem o “olho de Thundera” com uma visão além do alcance, furada…
Muitas ainda alegam dons paranormais e intuição infalível só para justificar os seus desejos inconfessáveis. Ela mira no homem que deseja e começa a construir um castelo de areia, decora o local e muda-se para lá. O problema é que não avisa o outro morador do endereço imaginário inexistente.
Começa a cobrar posturas como se já estivesse numa longa jornada pela vida inteira quando está apenas começando um affair. Lembro com clareza que uma garota com quem eu recém-dançava em dado momento da pegação me perguntou se eu tinha filhos, diante da minha negativa ela me abraçou aliviada como quem visse um caminho florido em direção ao altar. Eu dei uma risada interna e achei bonitinho aquilo, outro cara teria visto uma bela dose de desespero.
O que sempre recomendo é que ao invés de imaginar mil historinhas tentando se antecipar nos acontecimentos (e no sofrimento) seria melhor que apenas deixassem o fluxo de suas sensações caminhar pelo seu corpo e sentir o que está acontecendo no aqui e no agora. Sem projeções, futurologias baratas ou deduções infundadas a visão feminina seria realmente além do alcance. No entanto, se ela navega num maremoto emocional de infantilidades e visões idealistas e irreais da vida à dois é muito difícil que alguma previsão seja realmente madura e realista.
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