“Não é com você, sou eu”
Normalmente quando alguém quer dar uma desculpa esfarrapada para a outra ao sair de uma emboscada emocional acaba dizendo “não é com você o problema, sou eu”
Nada mais cruel do subestimar a inteligência de outra pessoa. Chamaremos o EU de pessoa A e o você de pessoa B para explicar o raciocínio.
Quando o A diz para o B que o problema é ele na realidade está ocultando da pessoa um impasse bem delicado, a pessoa B é interessante para transar, conversar e bons momentos, mas nada além disso. As vezes nem isso, apenas foi um lapso de interpretação, a pessoa A estava meio carente, meio bêbada, meio estranha e achou que B seria interessante, mas depois voltou atrás.
Como explicar para B que ela não é tão interessante? O razoável seria dizer isso para B que diz preferir a verdade do que uma desculpa esfarrapada. Mas B não quer saber de verdade porque está sendo rejeitada, é muito difícil tomar um pé na bunda e saber os reais motivos. “Você tem chulé”, “não gosto mais do seu beijo”, “seus pais são malucos”, “eu conheci uma pessoa mais legal”, “você me entedia”, “cansei de falar as mesmas coisas sempre”, “sua vida é desinteressante”, “o sexo é ruim” ou coisas do gênero.
No fundo ninguém gosta de se perceber dispensável ou ser trocado por alguém mais interessante.
Ao mesmo tempo como culpar uma pessoa por nos ver desinteressante?
Quando vejo aqueles anúncios que dizem “trago seu homem de volta em 7 dias” eu me questiono, qual é a sensação na hora que a pessoa hipoteticamente volta?
A pessoa voltou, mas no fundo nem queria e mesmo assim, só para atender nosso ego descontrolado, permanecemos ao lado dela. Sou mais prático, se a pessoa não queria desejo felicidade, coloco o rabo no meio das pernas e sigo em frente, sem dó de mim mesmo. Ninguém é obrigado a passar tempo com quem não quer. Também não gosto quando dizer “não era pra ser…”, acho meio covarde diminuir a importância da minha vontade só porque o outro me recusou. Seria mais honesto dizer “eu quis, ela não quis e estou triste, uma hora isso vai passar”.
Também não acho inteligente quando alguns dizem “ele perdeu a chance de conhecer”, pois parece que não aceita a condição de não aceitação, como se houvesse um motivo secreto pelo qual a pessoa deveria conhecer à qualquer custo. Prefiro pensar “que pena que não aconteceu, eu realmente queria e agora preciso seguir em frente com esse toco”.
Acho que são as pessoas que sempre querem sair por cima que acabam ouvindo essa desculpa “não é você, sou eu”, pois a pessoa instintivamente sacou que se falasse a realidade “foi você o problema” teria que ouvir uma série de ladainhas e acusações.
Imaginemos um mundo ideal com mais maturidade mútua…
– O problema foi seu mau humor incorrigível por isso acho bem difícil seguir em frente. Não sou muito diferente de você, portanto já basta o meu mau humor me pesar. Não lido bem com o seu.
– Obrigado por me dar esse toque, vai ser bem duro daqui pra frente, mas fico feliz que até agora pudemos viver bons momentos. Sem mágoas.
Portanto, dizer que o problema “sou eu” é uma mentira, mesmo que as vezes o problema é o EU sim.
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