Macumba emocional
Muitas pessoas as vezes se perguntam se não foram amarradas amorosamente por conta de macumba. Acho engraçado esse tipo de pergunta e não me cabe como psicólogo investigar as raízes espirituais dessa informação. Questiono de onde essa pergunta surgiu, pois na maior parte das vezes, se não todas, a pessoa “amarrada” assim está por conta própria.
Os desafetos que carregamos nunca são pessoas estranhas ao nosso convívio, pelo contrário, já fizeram parte de nosso círculo íntimo como amigos, familiares, amores, sócios e parceiros de trabalho.
Somos distraídos sociais (as vezes egocêntricos) e não notamos onde somos abusivos e acabamos exigindo demais dos outros. Perdemos o ponto em que criamos uma rachadura que deixara marcas indeléveis até o rompimento definitivo.
Quando o outro reivindica espaço, atenção, apreço ou carinho ignoramos esses sinais e seguimos em nosso autocentramento emocional. Quando irrompe uma traição, um agravo, um abandono, uma humilhação, uma briga sem sentido achamos tudo desproporcional e reagimos de forma indignada revidando o que consideramos abusivo no outro. Sem notar agravamos algo que poderia não ser tão problemático.
Cada um segue para um lado, começa a fantasiar desagrados, polemizar coisas minúsculas e fermentar um ódio sem sentido.
É como se tivéssemos comido num restaurante ruim e dali para frente passássemos todos os dias atacando uma pedra em sua vitrine. O gosto que se toma odiando é muito grande. Assim como o amor apaixonado o ódio sequestra nossas atenções. Todos os impulsos destrutivos que possuímos e que até então agiam sobre nós mesmos em forma de masoquismo se dirigem para os outros. A mágoa nos distrai de nossos conflitos importantes, afinal é mais fácil atacar o “inimigo” de fora do que encarar a nossa capacidade de produzir dor a nós mesmos.
Ninguém espera aconchego de um desafeto, portanto a magoa pela apunhalada revela um sentimento de carinho interrompido e recolhido.
Num caso amoroso rompido é muito mais “fácil” alimentar o ódio do que enfrentar o fato doloroso “não fomos eleitos, não somos especiais e nem indispensáveis”. Para não vivenciar a tristeza saudavelmente nos apegamos ao ódio. Esse ódio olhado com cuidado revela uma dor preguiçosa que não se ousa superar. [relacionamentos doentios]
Odiar é a escolha covarde de quem prefere gastar seu tempo e energia em atacar, acusar, reclamar sem assumir que sua própria vida está passando em branco. Acusar o ex é mais simples do que assumir o rumo da própria vida.
É como se tivéssemos um novo restaurante ali na frente servindo pratos deliciosos e preferíssemos ficar atacando pedras no restaurante envenenado.
Não é o desafeto que irá apodrecer com seu ódio, mas você que se acomodou na amargura nostálgica. O passado não vai voltar, sinto informar, a capacidade de ser feliz só cabe a você e mais ninguém. Ainda que o outro ajoelhe, peça perdão ou queira devolver o mal feito com algum afeto nada volta ao que era antes. Só o novo pode assumir algum lugar, mesmo que seja a mesma pessoa. [13 dicas para encontrar o amor ideal]
Não é do ódio que trato nesses casos mas do amor escondido atrás da raiva. A realidade dura e silenciosa é que quem desdenha, se pudesse voltar no tempo ainda gostaria de comprar.
Quem dera fosse culpa do diabo ou da pomba-gira, seria mais fácil, afinal escolher pela felicidade é ainda mais complexo do que contra-atacar exu. {mais sobre felicidade]
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