Sexo: a melhor preliminar do mundo
Acho curiosa a tendência das pessoas em se perguntar o que elas devem fazer na cama quanto à preliminares, se devem tocar mamilos com duas mãos ou com uma só, se apertam ou beliscam, se chupam ou lambem, se colocam óleos ou vão na brutalidade.
Concordo completamente que existem pequenos macetes que funcionam com mais eficiência do que outros, mas me parece que isso deveria ser uma preocupação de quem está se iniciando.
Para os mais experimentados essa busca incessante por fórmulas sexuais mágicas está mais parecida com um artista inventando novos truques para impressionar a platéia.
Existe algo bem mais poderoso que qualquer preliminar. E eu vou contar o que é.
Imagine um cara que acabou de conhecer uma garota, ele sentiu uma força percorrer o corpo dele com muita intensidade. Ele não estava passando por uma boa fase, estava confuso com os rumos que sua vida tomaria, percebeu que cometeu muitas bobagens ao longo de seu último relacionamento. Aquele que sempre se achou seguro de tudo se sentiu como um menino novamente ao conhecer essa garota.
Ele toma coragem, aborda a contemplada e eles começam uma viagem emocional muito profunda que não sabem descrever com precisão. Se tentassem explicar não conseguiriam, pois não poderiam se dizer amigos, muito menos amantes, nem namorados ou ficantes, a conexão deles se dava em outro nível.
Eles sequer tinham se beijado, mas conseguiram passar dias conversando, trocando mensagens, notas no facebook e e-mails com indicações de filmes, músicas e histórias felizes e tristes do passado.
Num novo encontro não sabiam como expressar o que sentiam, isso também não era importante, apenas sabiam que aquilo não era algo comum, afinal eles dois não se conformavam com experiências comuns.
Em muitos momentos do encontro tinham a plena certeza de que o timming de um beijo já tinha mais que passado, mas mesmo assim não conseguiam romper aquela distância mínima entre o cochichar no ouvido e o toque dos lábios. Tinham medo de que se algo desse errado e as línguas não se surpreendessem saborosas muita coisa podia se frustrar. Talvez parassem de se tratar com aquela naturalidade carregada de frescor e liberdade de dois seres que não se pertencem, mas são íntimos a ponto de terem uma década de história em cinco minutos de conversa.
Ousados como são resolvem romper o tabu e o beijo chega de fininho, cheio de cuidado, ternura e calor. Descolados os lábios eles se olham e nada precisa ser dito, chegaram em casa. Aquela sensação natural de encontrar um abrigo no abraço do outro se consolidou.
Dali em diante tudo seria só um descortinar natural em que perguntas do tipo “devo ligar em dez minutos ou dez horas” ou “será que ele só queria sexo” não fazem nenhum sentido. Tudo se consumou naquela interação despretenciosa.
Seria bem informativo para os narcisistas fissurados em performance retratar se ele a penetrou nessa ou naquela posição para arrebatar seu coração de mulher madura. Qual teria sido o toque decisivo?
O que eu posso responder é que a melhor preliminar que alguém pode fazer no sexo é sua própria vida. Esse é o afrodisíaco mais potente que alguém pode oferecer para o outro.