Pessoas “tanto faz”
Acho curioso notar algumas pessoas (eu já fui assim) que para qualquer coisa que se fale, da escolha do sapato que vai calçar ao rumo da vida que irá tomar responde da mesma forma: “tanto faz”.
Meu amigo, como assim “tanto faz”?
Quer dizer que se sua vida está no “céu” ou no “inferno” tanto faz?
Consigo entender o sentimento, como disse, já fui assim. Me lembro que tinha sonhos grandiosos, daqueles de mudar o mundo pra valer, trazer a paz para os povos, aquelas coisas todas. Em dado momento notei que o sonho era grande demais e eu era competente de menos.
De tão esmagado que fiquei pela constatação dessa realidade que acabei pouco a pouco me rendendo. Não foi do dia para a noite, foi lento e imperceptível, pelo menos para mim. Já para as pessoas à minha volta era nítida a paralisia e apatia que me encontrava: “reaja!” me diziam. Nada funcionava, afinal, para que eu ia me mover se qualquer coisa que eu fizesse seria pouco diante de tanta coisa a ser feita.
O tempo se passou e eu já tinha 16 anos e notei que existia uma legião de pessoas que agiam como eu, zumbis verdadeiros, daqueles de comer o cérebro dos outros. Percebi que eu era um vampiro da vida, só queria agir se tivesse condições ideais, se tudo estivesse ajeitado e preparado com tapete vermelho para que a “realeza” (eu no caso) pudesse passar.
Pensei que se todas as pessoas continuassem delegando as decisões de suas vidas ao destino, ao governo ou aos pais nada mudaria. Nem Deus e nem o diabo iriam se intrometer.
Percebi que não era “tanto faz” e que cada pequena decisão que eu tomasse me tiraria da catástrofe que eu queria mudar e me levar em direção ao mundo de paz que eu almejava.
Comecei a decidir cada coisa do meu dia, não deleguei a mais ninguém coisas que só eu poderia decidir. Ninguém poderia se alimentar, vestir, conversar, trabalhar ou amar no meu lugar.
Ainda que eu me queixasse do trânsito, do governo, do egoísmo ou da falta de caráter das pessoas enquanto continuasse parado eu estava sendo conivente com cada atrocidade que eu condenava.
A pretexto do sonho ser muito grande eu havia abortado qualquer missão, como um menino mimado e desconsolado que leva a bola embora do jogo se não brincar de atacante e fizer muitos gols.
Eu poderia não conseguir mover uma palha em direção à paz, mas continuaria tentando até o fim da minha vida.
Talvez eu não mova a sua palha com esse texto, mas eu fiz uma provocação, não quero passar batido sem me movimentar. E para você, tanto faz?
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