Retrato de uma separação
Quando estamos em crise num relacionamento amoroso é muito comum surgir um frio na espinha que parece que algo dentro de nós vai estourar. Quando notamos que aquela corda resistente a qual nos guiamos está para romper nosso mundo vai lentamente desabando.
A paisagem interna vai sendo devastada e lentamente minguamos até o limite das forças. A mulher já não suporta olhar para o seu parceiro, “onde está aquele homem pelo qual eu me apaixonei?”. Ela própria não se reconhece, já não se cuida com o apreço de antes, se sente feia, gorda, mal amada. Seu desejo sexual parece ter escoado pelos pés. Ela perdeu o brilho pessoal e já não quer seguir vivendo, não daquele jeito.
Agora precisa se movimentar numa outra direção, mas está perdida, olha no espelho e vê uma pálida lembrança da mulher que foi. Parece que envelheceu e perdeu tempo investindo numa guerra sem vencedor. Sabe que fez tudo o que podia e mais além, mas também reconhece que não podia fazer tudo sozinha. Aquele homem cheio de projetos se transformou num covarde que só acumulou mágoas na memória daquela mulher.
Uma traição, uma mentira grave ou uma ausencia infinita, enfim, qualquer coisa que fez aquela fotografia amarelar e perder o encanto.
Cristal rompido, café frio, bonde que foi, um mundo que desaba.
Não é propriamente dele que a falta é mais sentida, é de si mesma. Daquela sensação de ter para onde ir, que colo procurar ou mão para tocar.
Separar e desencontrar é aquela tortura que passa amarga pela boca amanhecida. Aquela vergonha em dizer para todos sem ter uma explicação clara: acabou.
Ainda que se tente acusar o dedo que aponta sobe fraco. Como dizer que uma relação naufragou por conta de um se foi feita de dois?
A dor realmente doída é de ser despejado daquele mundo onde tudo estava intacto. Daquele orgulho de exibir para as amigas mal-casadas o marido cheio de amor. E agora, o que fazer?
Agora é preciso retomar os contatos com as amigas da velha guarda que ainda restaram. As que não casaram e as que descasaram: todas um pouco amarguradas.
Os lugares de antes perderam o encanto, tudo lembra o ex. Olhar para o próprio corpo lembra o ex.
Qualquer lugar é inóspito nesse mundo, porque foi o mundo interno que se rompeu. Para se adquirir o gosto pelo mundo é preciso construir outro. A partir do nada, como no primeiro dia de vida.
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