As mulheres mudaram mesmo?
Por Juliana Cordeiro*
Durante um congresso de medicina no Rio de janeiro, tive a chance de me encontrar com amigos de diferentes países: Brasil, Argentina, Colombia.
Durante uma conversa surgiu o assunto casamento. Um deles reclamava que a vida de casado era muito cara. E eu curiosamente perguntei o porquê, já que ele afirmava com tanta convicção.
E ele me disse que tinha que pagar as despesas da casa, do filho e da esposa. E que estava cansado.
Então, eu novamente curiosa perguntei: “sua esposa nao trabalha?”
Ele me disse: “sim, mas muitas vezes me dá a fatura do cartão de crédito para pagar.”
Eu provoquei e perguntei: “você de fato acredita que sendo solteiro, gastaria menos?”
Os três em volta me disseram que sim. Apenas um deles me disse que não, que as despesas eram iguais e que a vida de casado era boa. Mas com uma ressalva: tinha que ser uma escolha muito bem feita.
Eu saí daquela conversa bastante intrigada, não em razão da discussão de valores entre vida de casado e de solteiro. O que ficou martelando na minha cabeça foi: “de vez em quando eu tenho que pagar as despesas de cartão de crédito da minha esposa.”
Eu cresci numa família onde o homem é o provedor. Minha mãe parou de trabalhar aos 22 anos para criar os filhos e voltou a trabalhar há 3 anos. Eu não me imaginei e não me imagino não tendo um trabalho, uma renda, uma ocupação, mas procurava relacionamentos que tinham a mesma base do que os meus pais têm.
Ainda é normal dividir contas, mas eu ainda penso que seria o máximo não ter que me preocupar com elas.
Conheço casais onde a mulher ganha muito bem e no entanto o marido ainda arca com todas as despesas da casa e dos filhos.
Tenho amigas que procuram o marido rico que irá proporcionar a elas compras, viagens, roupas, jóias.
Mulheres que defendem que os diamantes são seus melhores amigos.
Você seria capaz de convidar o seu namorado para uma viagem pagando todas as despesas?
E se você se desafiasse a pagar o motel, afinal, como um hotel ou um restaurante ambos querem viver bons momentos ali.
Será que nós mulheres realmente mudamos?
Será que estamos de fato prontas para assumir todas as facetas da tal independência pela qual lutamos tanto?
Será que estamos preparadas e abertas para pagar as contas do marido?
Como de fato valoramos este homem ao nosso lado?
Eu particularmente acho que ainda temos um longo caminho a percorrer.
A independência nos trouxe mais autonomia nas escolhas e decisões, queremos direitos iguais, mas e os deveres??
Nós queimamos o sutiã, gritamos por liberdade, mas ainda hoje estamos presas a conceitos retrógrados. Por quê?
Um homem é mais homem quando paga as contas?
Uma mulher é menos mulher se paga as contas?
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*Juliana Cordeiro – Garota urbana, nascida e criada em São Paulo, viajante nata (se é que isto é possível), sonhadora incansável, Consultora de Moda desde pequena, professora, marqueteira, apreciadora do belo em todas as suas formas. Come pizza toda semana, é louca por brigadeiro e faz aula de dança. Escreve no www.semespartilhos.com.br No Twitter @semespartilhos
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