Muletas psicológicas

“As pessoas se apegam a seus fardos às vezes mais do que os fardos são apegados à elas”

                                                                                                     – George Bernard Shaw

 

*Texto escrito por Marcos Bauch

Todos nós temos problemas e defeitos, mas até que ponto estamos nos agarrando a eles e isso está nos atrasando ou segurando, como uma âncora?

Até que ponto  acreditamos tanto nesses problemas a ponto de nos auto-definir a partir deles?

Até que ponto os nossos problemas são usados pra nos justificarmos perante a sociedade e a nós mesmos?

Responder a essas perguntas não é fácil e muito menos simples. Para tentar te ajudar e, com isso, tentar ajudar a sociedade a ter outro olhar sobre suas próprias limitações, escrevo este texto, baseado na minha visão de mundo e do que tenho percebido na minha curta vida.

Adianto que não sou psicólogo e não tenho nenhum estudo nessa área. Sou o que alguns chamam de ‘people watcher’ , ou em português, “observador de pessoas”. Gosto de ver como as pessoas interagem no espaço, entre si e comigo.

Vou dividir estas observações em três textos. No primeiro entendendo e identificando as muletas psicológicas que usamos. No segundo vou falar de como somos levados à auto piedade baseados nessas desculpas e, por último, vamos tentar nos livrar da “Síndrome do Não Consigo” que nada mais é do que a quebra dessas âncoras ou muletas psicológicas.

Sou deficiente físico, tenho as pernas atrofiadas, ando de muletas, mas nunca me identifiquei com as expectativas ou o rótulo que isso gera na sociedade.

"Ele anda de muletas"

Veja bem, eu teria todas as desculpas aceitáveis do mundo para ficar em casa assistindo TV o tempo todo, num sedentarismo crônico, e isso não seria mal visto por ninguém, afinal, ‘ele anda de muletas’. Acontece que minha TV está fora da tomada a vários meses e tenho que trocar de muletas a cada 6 meses porque não paro quieto.

Agora parem um tempo e pensem quantas vezes já não ouvimos alguém dizer: “Eu fumo por isso não posso fazer esportes” ou “Eu sou gordo, por isso não consigo ir até lá andando” ou “Não posso fazer aquele curso até que meu filho cresça” ou até “Sou velho demais pra viajar”?

Percebam o que acontece nos casos acima: procuramos sempre desculpas que nos permitam justificar algum aspecto da nossa vida. Em outras palavras lançamos mão de ‘muletas psicológicas’ para explicar o que deixamos de fazer.

Essas ‘muletas’ acabam por criar uma febre de desculpas, simplesmente porque a quantidade de situações, onde temos que nos justificar nunca diminui. Mas o que não percebemos é que isso é apenas algo da nossa mente, são desculpas que nós mesmos criamos, acabam nos autoconvencendo e por fim acreditamos que nos definem.

Agora jogo a batata quente na mão de vocês. Quanto daquilo que nos define e nos faz perceber o que somos, não é apenas uma desculpa pra não termos de sair da zona de conforto?

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*Marcos Bauch é nascido no interior da Bahia, mas é viajante do mundo e atualmente reside em Brasília. Esse cara leva a vida como ninguém, praticando todo tipo de loucura boa como bungee jump, para-quedas, rafting, rappel, maratonas aquáticas! Mijou em todos os oceanos do mundo fazendo isso. Um baita orgulho de contar com as palavras dele aqui no Sobre a Vida. Ele escreve suas aventuras em De muletas pelo mundo – o mundo é pequeno para quem viaja [leia mais].

 

Pinta de galã!

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About the author

Sonhador nato, psicólogo provocador, apaixonado convicto, escritor de "Como se libertar do ex" e empresário. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas medita, faz dança de salão e lava pratos.

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