Estamos todos perdidos
Tenho notado algo bem curioso nas interações que faço por facebook, entre amigos e no consultório.
Ela, você e eu!
Estamos todos bem perdidos. Eu inclusive.
Difícil falar com precisão que tipo de descaminho que seguimos, mas a aceleração com que queremos ver nossos desejos atendidos tem nos precipitado em comportamentos completamente desorientados.
Comemos desenfreadamente, falamos sem objetividade (ou veracidade), prometemos coisas impossíveis, nos relacionamos como se pouco fosse, quase uma vida leviana mesmo.
Poucas vezes aquietamos nossa mente, respiramos fundo e falamos com propriedade. Somos papagaios do mesmismo. Diante de delicados pedidos de ajuda dos outros repetimos fórmulas prontas e conselhos manjados. Os próprios pedidos de ajuda parecem mais um fogo de brasa, sem consistência. Soltamos palavras tão vazias e realimentamos um tipo de pensamento que incita o egocentrismo, o orgulho e a vaidade dos outros.
No calor da família, os pais rejeitam ser pais, mães fingem amor dedicado e filhos exploram vantagens. Nas empresas vemos legiões de zumbis-infelizes replicando procedimentos sem sentido e falando de negócios sem sequer saber para onde vão. Os relacionamentos amorosos parecem os mais desastrosos, homens simulando masculinidade e mulheres como baratas tontas.
Diante de um assunto mais tenso queremos apertar um botão como quem troca de estação no rádio. Se a situação é indesejada desejamos apertar um EJECT para mandar a pessoa como um foguete para a Lua.
Andamos nossos dias apressados, trombando nos outros, pisando nos calos emocionais de todos a pretexto do pão de cada dia.
A busca da felicidade se tornou uma tortura sem fim que nem sabemos definir o que é. Somos caçadores de euforias baratas.
E para não me alongar em mais linguiça só queria deixar o meu protesto, estamos bem perdidos e sem a menor indicação de um caminho, se é que ele exista.
Ps: sem comentários do tipo, “oh meu deus!” ou “esse mundo está perdido” ou “a sociedade blábláblá”, afinal, eu e você não estamos menos perdidos que ninguém.
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