Amores virtuais
A internet já se tornou um dos principais canais de comunicação da atualidade. Facebook, Skype, Msn, Linkedin e e-mails são ferramentas conhecidas pela grande maioria das pessoas.
Não seria estranho imaginar que o amor escaparia desse apelo tecnológico. Onde existem pessoas interagindo o amor está ali também.
Muitas pessoas já me perguntaram se eu acho que um amor à distância dá certo.
Por experiência própria e profissional sou categórico. Não.
“Mas eu conheço um casal que ficou anos se relacionando pela internet”
Ok, vamos definir relacionamento. Se relacionamento amoroso é uma troca de experiências humanas em torno de uma ideia cheia de desejo, expectativa e promessas eu concordo que esse casal se relacionou. Mas poderia dizer que o fã-clube do Roberto Carlos tem um relacionamento amoroso com ele.
Relacionamento amoroso necessariamente envolve um elemento essencial que é a corporeidade.
No relacionamento amoroso é preciso que dois corpos interajam de tal maneira que você impressione e pressione os sentidos da outra pessoa.
Isso é tão verdade que os supostos relacionamentos à distância só se sustentam sob a promessa do contato corporal, seja ele sexual ou não.
O que chamo de corpo vai desde beijar na boca, passando por comer juntos num restaurante até tropeçar um no pé do outro. Relacionamento é vida e vida é encontro de pessoas.
Os romanticos dirão que o amor é uma chama interna que pode ser sustentada por anos a fio à distância e que os poetas de antigamente faziam isso com suas musas.
Pois é, pergunte para o poeta se ele pudesse escolher o que faria.
A pessoa que se satisfaz só por pensamento precisa de ajuda. Ela recusa o princípio básico de eros que é a pele. A pele só existe sob o contato de algo que a pressione. É capaz que tenha uma grande ansiedade associada ao contato e só consiga se relacionar imaginariamente com os outros. A experiência amorosa deveria provocar uma cura dessa limitação e não o seu congelamento. O conflito que o convívio diário expõe o casal é altamente proveitoso para o crescimento de ambos.
Viver de encontros casuais é fácil, pois toda a hostilidade presente no cotidiano fica suprimida e quando existe o encontro amoroso é só o perfume que se sente. As vísceras ficam de fora e o amor permanece para sempre paralisado num cristal de perfeição intocada.
Amor também é fluido escorrendo no corpo. Ou pelo menos a promessa disso. Mas se essa promessa não se cumpre de tempos em tempos, ainda que a lealdade e a fidelidade psicológica fiquem invictas o corpo vai cobrar um preço alto pela negligência.
Você consegue imaginar um casamento em que os pombinhos vivem por anos a fio em pólos diferentes da Terra nutridos pelos sentimento de amor?
Numa hora de surto feminino é mais efetivo um torpedo ou um contato?
Isso vale para quem mora à um quarteirão de distância. Se você pode escolha aja e toque.
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