“Sou amado pelos motivos errados”

O que você faria se descobrisse que é amado pelos motivos errados?

O que está acontecendo de fato?

Explico. Uma amiga me disse que seu namorado a ama porque ela é uma pessoa meiga, delicada e gentil. Ela me confessou:

“Fred, você me conhece e sabe que sou a pessoa mais geniosa, brava e egoísta do mundo. E sei que você me aguenta por que tem um dom de suportar coisas insuportáveis. Sei que nem você me aguenta as vezes e dá um tempinho para se recuperar a cada vez que nos vemos. Que raios meu namorado viu em mim?”

Só balancei a cabeça sem ter o que dizer. Ela tinha razão eu nunca tinha visto uma mulher tão difícil de se conviver como ela. Filha única de pais separados e bem nascida, mimada como um sorvete de ouro.

A pergunta dela me intrigou, o que o namorado viu nela? Beleza? Sim, ela é muito bonita, mas beleza associada com chatice tem prazo de validade curto.

Ele via nela o que queria ver, ou seja, estava namorando com uma imagem interna. Ele tinha um dom de reinterpretar as atitudes dela ao sabor do desejo que ela fosse assim.

“Fico assustada e incomodada em perceber que ele avalia minhas ações como se fossem outras coisas e eu de um jeito que não sou! Parece que não sou eu que ele gosta!”

Achei curioso esse comentário, ela gostaria de ser amada por aquilo que realmente é. O que será que somos de fato? Será que é possível desassociar o que somos do nosso contexto? Da roupa que vestimos, do lugar que moramos, da cultura que temos, dos amigos que cultivamos, do dinheiro que ganhamos e da pessoa que mostramos?

Adoramos pensar no amor ideal em que a pessoa nos ame por aquilo que somos de verdade, na essência mais essencial que conseguimos ser. Mas o que importa alegar essa essência pura se na prática o que vemos é o que mostramos? Ninguém tem visão raio-X, portanto, a menos que se mostre como é isso não muda muito o que a pessoa percebe. [leia mais]

Ela queria ser amada incluindo aquilo que tinha de pior. Desejo até que justo.

O problema é que ela estava sentindo que havia mais uma pessoa entre ela e o namorado que não era ela, como se fosse um duplo de si mesma. Como um espelho que não devolve a imagem que você pensa que existe.

Realmente questionei quantos casais não tem como base um relacionamento criado no puro mal-entendido. Depois de algum tempo que a chama da paixão se extingue eles conseguem ver o que realmente se passa debaixo da fantasia que criaram um do outro. Reconhecem apenas algo demoníaco. Mas será que o demônio oculto já não estava mais que anunciado desde o início andando de braços dados ao casal?

O problema é que ser amado pelo motivo “errado” pode ser muito perturbador, mas adorável. Minha amiga estava incomodada em se sentir vista daquele jeito que mais parecia a gêmea boa da história, no entanto, também seduzida pela imagem que ele criou.

Pode ser que ela até fazia um esforço a mais para cumprir com as expectativas dele, mas cedo ou tarde a farsa iria acabar e o que de fato restaria? A decepção, mas daquelas que foi resultado de uma encenação bem articulada por uma dupla de loucos onde um via o que não existe e o outro criava roupas com um tecido nunca produzido.

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About the author

Sonhador nato, psicólogo provocador, apaixonado convicto, escritor de "Como se libertar do ex" e empresário. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas medita, faz dança de salão e lava pratos.

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