A farsa da Preguiça
Todo mundo em algum momento já se deparou com a sensação de preguiça. O fato é que a preguiça costuma ser a melhor desculpa que nós damos para convencer nossa consciência de que tudo caminha bem.
Qual é a diferença que existe entre um casal que está apaixonado e outro de longa data ou quase naufragando? Por que ninguém tem preguiça de se arrumar, vestir bem e ficar cheiroso para o prazer sexual? As vezes o sujeito está cansado, com sono acumulado, mas diante do convite da bela pretendente ele é capaz de superar o sono mais entorpecente só para atendê-la.
Isso me leva à ideia de que a preguiça é uma escolha, ou uma não escolha diante de um acontecimento que não traga recompensa imediata. A preguiça é a recusa à vida sem prazer.
No entanto, seria um pouco infantil imaginar que tudo que fazemos é recheado de puro deleite e satisfação. A maior parte das nossas atividades é imposta por necessidades sociais e profissionais que nem sempre são escolhas conscientes. Levantar cedo para chegar num trabalho enfadonho não é preguiça, mas total discordância de continuar se sujeitando àquele tipo de rotina.
A “preguiça”, portanto, é um apelo inconsciente para mudança. Mas o que acontece, na maioria dos casos, é uma recusa da pessoa em fazer algum tipo de movimento para que a transformação ocorra. Ela fica esperando algum acontecimento mágico ou miraculoso que resolva os impasses sem sua intervenção. Já reparou quando você está com preguiça existe uma tendência a encolher o corpo como quem se esconde debaixo do cobertor à espera dos pais protetores.
A preguiça é a busca fantasiosa da infância perdida em que tudo acontecia em moldes despreocupados e sem responsabilidades irrevogáveis. É uma nostalgia da época em que você era poupado de lidar com conflitos morais e escolhas difíceis.
Estados crônicos de preguiça também podem revelar uma personalidade indolente e orgulhosa, que prefere empurrar tudo com a “barriga” e nutrir a sensação de que os problemas não existem. É como alguém que fecha os olhos ao ver um acidente como se ele fosse desaparecer magicamente.
Querendo ou não, gostando ou não, concordando ou não, você já não tem mais a opção de fechar os olhinhos. A vida urge e só cabe à você a sensação corajosa de encarar a vida como ela é e direcionar consciente e voluntariamente cada ato até chegar no destino que almeja.
Preguiça, né?
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