O melhor e o pior do amor
* Por Frederico Mattos, psicólogo clínico
Ninguém consegue rebater a ideia de que se relacionar amorosamente é uma experiência cheia de riqueza e desafios. Depois de uma história de amor, mesmo com as tristezas do fim é possível ter boas lembranças.
Diante de uma nova jornada amorosa as pessoas têm o hábito de fazer uma análise, ainda que rápida e intuitiva do que deu errado na relação anterior. Elas listam os eventos mais problemáticos e reafirmam sua razão pessoal.
O problema é que na hora de avaliar o candidato novo se apegam exclusivamente às suas virtudes. Elencam como a pessoa é honesta, trabalhadora (como se isso fosse algo especial), bem humorada, inteligente e gentil. Muito bem, tudo isso colocado na mesa é algo lindo, digno de uma pessoa exemplar.
Nessa hora ela precisaria fazer outro tipo de projeção. No momento de pressão, escassez, transição ou crise ela age com a mesma firmeza de caráter e os predicados virtuosos?
Diante de um contratempo financeiro ela encara com bom humor ou começa a se achar o pior tipo de pessoa do mundo? Consegue não transformar essa autopiedade em acusação? Consegue não ficar paranóica e alegar que a causa de sua infelicidade é a pessoa amada? Isso se reverte em ataques verbais ou físicos?
O melhor lado de uma pessoa todos conseguem lidar e aceitar. São lindos e agradáveis. O critério decisivo é pensar no pior lado da pessoa (que todos terão). Quais deles você consegue conviver e driblar? Quão tóxicos e problemáticos podem se tornar? Quanto afeta e esparrama nas redondezas ou fica sob controle?
Como saber isso? Bem, a observação ajuda. No histórico dela, nos outros términos de relacionamento, na relação com a família, no comentário dos amigos, nas conquistas ou derrotas pessoais e profissionais. É possível ter muitas pistas quentes do tipo de pessoa que ela é quando ninguém está olhando. Como é a sua ética, a sua habilidade de lidar com críticas e contratempos. Sabe aquela viagem zicada? Ótima pedida para ver se ela é do tipo que humilha e se destempera, se precipita e se flagela.
Óbvio que nem tudo é tão racional e não podemos pensar que se escolhe um amor como numa prateleira de supermercado. Naqueles primeiros meses decisivos em que o vínculo é intenso, mas ainda não tão profundo é preciso ter um pouco de amor próprio e refletir sobre qual pessoa estamos colocando dentro da nossa vida, antes que a escolha pareça mais irreversível do que no início.
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* Frederico Mattos: Sonhador nato, psicólogo provocador, autor dos livros Relacionamento para leigos (série For Dummies)[clique], Como se libertar do ex[clique aqui] e Mães que amam (demais livros e cursos [aqui]). Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas pratica meditação, lava pratos, se aconchega nos braços do seu amor, Juliana e é pai de Nina.
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Frederico A. S. O. Mattos CRP 06/77094