Orgulho: um inimigo da felicidade

* Por Frederico Mattos

Semana passada confessei meu sentimento de inveja. Não foi bonito, não foi nobre, mas foi honesto [veja aqui] . O resultado foi positivo, muita gente se identificou e se viu no mesmo barco, formamos um clubinho dos invejosos em recuperação. Hoje farei mais uma confissão, espero que sirva também.

Durante muito tempo tive dificuldade de ouvir críticas, ser questionado, comandado e de modo geral tendia a manipular as situações para a minha forma de agir. Não era bonito assistir e além de tudo eu não conseguia pedir desculpas e me retratar.

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Orgulho é o tipo de característica que uma pessoa tem satisfação de alimentar, parece dar firmeza, certeza, garantia de resultado, afinal a nossa sociedade recompensa pessoas de personalidade firme e “forte”. Elas obtêm o que querem e isso é desastroso, pois apesar de terem pessoas orbitando em torno de sua vaidade, estão sempre isoladas emocionalmente na torre de beleza/fama/dinheiro/intelecto/moralidade/insira a característica marcante que quiser.

Sempre defino humildade como a característica de alguém que sabe exatamente seu tamanho, das virtudes às vulnerabilidades [veja mais]. O orgulho é um tipo de cegueira funcional que impede a pessoa de olhar com aceitação para as fragilidades ou com tranquilidade para suas virtudes. Há sempre um exagero no orgulho, seja para mais ou para menos. Até mesmo a pessoa que se desmerece está impregnada de orgulho; para ela só a perfeição tem valor.

Mas por que o orgulho é inimigo da felicidade? Porque ele tira o brilho do momento presente, das realizações pessoais e da interação com as pessoas. Como ele implica numa auto-exigência exagerada o momento presente nunca é bom o suficiente, as realizações pessoais sempre parecem pálidas se comparadas com os outros (associação de inveja e orgulho) e os outros estão sempre numa hierarquia de superior e inferior. Fora isso, o orgulho endurece a pessoa, tira dela a capacidade de fluir e mudar, afinal, tem uma honra imaginária à zelar.

O que me ajudou, então, foi a minha disposição para não me ver como uma figura estática, fixa, sólida, mas como um aglomerado de visões e imagens mutáveis. Quase como uma personalidade translúcida, um diamante com mil faces e nenhuma ao mesmo tempo. Na medida que me percebia como fluxo, conseguia abrir espaço para erros, fracassos, contradições, incoerências e loucuras. Se fosse uma rocha sólida, eu quebraria, mas se fosse um bambu, flexível e cheio de movimento, não importa o que me fizesse vergar; eu seguiria em frente. Lidar e aceitar que não sou bom motorista; nem sempre convicto de mim; nem tão generoso quanto gostaria; e distraído com questões financeiras passou a não me ferir por não me representar essencialmente. Deste modo percebi que essas facetas não capturavam plenamente o que eu era. Saber que poderia colocar consciência (e força de mudança) nessas temáticas me libertaria do peso de ter que me definir indefinidamente por elas.

Quando a consciência da capacidade de mudança e da fluidez da minha identidade se estabeleceram em mim, consegui reconhecer meu tamanho exatamente como é, nem mais e nem menos. Ser elogiado no que eu era bom não me constrangia e ser criticado no que eu era pendente também não. A felicidade bateu mais vezes à minha porta, pois a deixei entrar sem ficar como um tirano orgulhoso me exigindo uma perfeição que eu já nem queria. Era da felicidade que eu tinha saudade e não do paraíso. Abdiquei do céu e agarrei o amor. Há orgulho em mim? Sim, mas não só orgulho e por isso há um espaço mais espremido dele em mim, quase um resíduo que me relembra constantemente da minha condição humana.

* * *

Compartilho essas e outras histórias, além dos meios práticos para lidar com o orgulho, a inveja, a raiva, a tristeza e o medo no workshop “Construindo Maturidade emocional” no dia 29 e 30 de novembro. Aguardo você lá! [clique aqui]

 construindo maturidade emocional

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Captura de Tela 2014-08-26 às 10.05.17* Frederico Mattos: Sonhador nato, psicólogo provocador, autor dos livros “Relacionamento para leigos (série For Dummies)[clique]“,  “Como se libertar do ex” [clique aqui para comprar] e “Mães que amam demais”. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas cultiva um bonsai, lava pratos, oferece treinamentos de maturidade emocional no Treino Sobre a Vida e se aconchega nos braços do seu amor, Juliana. No twitter é @fredmattos e no instagram http://instagram.com/fredmattos – Frederico A. S. O. Mattos CRP 06/77094

 

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 Revisão: Bruna Schlatter Zapparoli

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About the author

Sonhador nato, psicólogo provocador, apaixonado convicto, escritor de "Como se libertar do ex" e empresário. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas medita, faz dança de salão e lava pratos.

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