Tenho HIV+
“Tenho HIV!”. Assim começou a conversa com meu amigo confidenciando seu estado de saúde.
Diante do choque inicial fiquei pensando como é saber algo tão importante sobre si mesmo e seguir em frente e de pé.
Se você cochilar o gatilho cai !!
Fiquei pensando qual dia seria bom para morrer.
Percebi que esse pensamento jamais teria me ocorrido sem o impacto daquela notícia.
“Você está dizendo que tenho que viver pensando na morte?”
Sim, exatamente!
“Mas isso não é depressão?”
De forma alguma. O depressivo se apega a uma vida miserável e faz múltiplas exigências (que ele próprio não cumpre) e não na ideia de uma vida que realmente valha a pena viver.
A pessoa lúcida deveria estar a qualquer momento pronta para morrer.
Lembra daqueles trabalhos que os professores passavam para fazer nas férias? Quando você fazia? Eu fazia no último dia antes de voltar às aulas. Ainda reclamava que não tive tempo.
O fato é: quando temos todo o prazo do mundo para fazer algo a tendência é assumir que não precisa acontecer agora.
Resultado: vida pobre e desejo fraco.
Você pode morrer em alguns minutos e toda essa autoconsolação ingênua vai cair por terra.
Qual seria a consequências para uma vida sob risco constante? O medo sempre presente, a necessidade de cuidar da saúde como ninguém. Não é possível descansar e se acomodar muito, a vida pede urgência.
Não há tempo a perder, nada de vida empurrada com a barriga!
Acho que hoje é um bom dia para morrer!
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