Estamos todos no mesmo barco
*Por Frederico Mattos
Eu testemunhei: eram vinte pessoas estranhas entre si juntas numa sala para abrir seus corações num encontro de fim-de-semana sobre maturidade emocional. Como fazer isto sem soar bobo, inadequado ou vergonhoso?
Quando olhamos ao redor, parece haver uma parede blindada que impede uma percepção mais aprofundada de quem somos e do que os outros representam. Seguimos a vida com sensação de isolamento e de que estamos desconectados, de que nosso problema é apenas nosso.
Ao olhar seu amigo, chefe, seus familiares e a pessoa amada, provavelmente você nem desconfia que está lidando com alguém que carrega segredos inconfessáveis e dores profundas. Muitas vezes ela própria desconhece a natureza de sua aflição e está se debatendo com a falta de organização do marido ou as contas do mês. Não é nem dinheiro ou ordem seu problema; o buraco é mais embaixo.
Temos pouco vocabulário emocional para descrever o que se passa em nós. Na infância nos ensinaram que uma bola é uma bola, mas nunca nos ensinaram que a tristeza é uma tristeza e que a nossa raiva pode ser um jeito problemático de lidar com uma tristeza dolorosa.
Quando você pode olhar alguém que nunca viu antes e essa pessoa confessa que tem dificuldades para amar alguém, ou quando nota que uma empresária se sente fracassada para falar com o filho, aí você percebe que não há grandes diferenças entre você e ela. Todos nos sentimos insuficientes e incompetentes em alguma coisa.
Se outras pessoas começam a confessar seus “pecados” e você percebe que são como os seus, parece que uma realidade nova se abre. A solidão e a inadequação desaparecem e surge um sentimento de irmandade e conexão com os outros. Você nota que todas as pessoas estão presas em alguma ideia ruim de si mesmas que não é real; elas são adoráveis. Percebe que você próprio está enganado sobre si, que aquilo que mais se condena pode revelar seu melhor aspecto. Que sua desconfiança endurecida pode estar abafando sua total disponibilidade de amar com todas as forças.
Estamos todos no mesmo barco, pisando a mesma terra, compartilhando da mesma dor e lutando contra os mesmos demônios. Somos todos um pouco de caos e de luz. Apenas nos esquecemos que os outros, tão supostamente diferentes de nós, choram o nosso mesmo impasse.
Quando você trombar com alguma pessoa que cause incômodo, treine um olhar diferente. Veja nela um pouco de você e tente tratá-la como você gostaria de ser tratado nos seus piores dias. Alguém já curou você de si mesmo, e se você quiser também poderá curar um coração fechado que quer convencer os outros de que não merece amor. Não acredite; estamos todos no mesmo barco.
***Abaixo deste texto seguem algumas imagens feitas pelo artista Fabio Martins durante o encontro para captar o clima emocional do que acontecia no workshop “Construindo maturidade emocional”.
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O último workshop desse no ano ocorrerá nos dias 29 e 30 novembro (sábado o dia todo e domingo de manhã). Clique aqui para fazer sua inscrição. Valor promocional até dia 17 de novembro [clique aqui]
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* Frederico Mattos: Sonhador nato, psicólogo provocador, autor dos livros “Relacionamento para leigos (série For Dummies)[clique]“, “Como se libertar do ex” [clique aqui para comprar] e “Mães que amam demais”. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas cultiva um bonsai, lava pratos, oferece treinamentos de maturidade emocional no Treino Sobre a Vida e se aconchega nos braços do seu amor, Juliana. No twitter é @fredmattos e no instagram http://instagram.com/fredmattos – Frederico A. S. O. Mattos CRP 06/77094
Revisão: Bruna Schlatter Zapparoli
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