O relacionamento amoroso como jornada

* Por Frederico Mattos

O tempo todo repito que a vida é uma jornada com começo e fim definidos. Não sabemos quando e de que modo termina, mas temos certeza que acabará a maneira como a conhecemos.

Tudo o mais que acontece entre um ponto e outro é recheado de acontecimentos, pessoas, risos, lágrimas, encontros e desencontros que poderíamos preencher livros com tantas histórias. Nos dias bons contamos com algumas pessoas para compartilhar o rio de felicidade que transborda de nosso copo e nos dias ruins sabemos que existirá um ombro acolhedor no qual se refugiar da própria dor.

"Vem, eu te levo!"
“Vem, eu te levo!”

O relacionamento amoroso parece preencher de maneira especial esse espaço que antecede nossa morte. Ele nos relembra que existe um significado delicado na vida que se pouco compartilhada faz menos sentido. Lembre-se dos momentos marcantes de sua vida. Certamente eles foram pontuados com rostos humanos, momentos despretensiosos e não cercados daquilo que muitas vezes achamos ser essencial para a felicidade. Talvez não tenha sido numa mansão, o vinho não foi o mais antigo e a paisagem não era de uma ilha paradisíaca sobrenatural. As pessoas, estas sim, eram fora do comum, exatamente aquelas que estiveram do seu lado nos dias ruins, onde nada parecia fazer sentido.

Essa jornada para muitos é demasiado longa e precisamos de um co-piloto para navegar conosco, revezando nosso lugar, cuidando de nossos pontos-cegos exatamente como fazemos reciprocamente. Parece ser mais leve e menos árduo caminhar pelos vales de dor quando temos alguma pessoa que signifique mais que um beijo ou uma transa casual. Até porque num dia de fúria, de confusão mental ou de desolamento não basta ligar para alguém com quem se queira transar. Nesses dias o que precisamos é de um cachecol humano para nos aquecer da frieza que abate nossos corações. Queremos aquela pessoa de confiança – que foi talhada em dias, semanas e meses de rotina – para ouvir o nosso silêncio amargurado.

Conseguimos sobreviver sem um par romântico, é verdade, mas parece que ao lado desse co-piloto a travessia corre mais solta e mais cintilante, ainda que não seja um mar de rosas. Talvez muitas pessoas nem saibam por onde começar para descobrir quem pode ser o seu apoio. É provável que tenham poucas horas de voo com qualidade para se oferecerem como bons companheiros de alguém. Falta-lhes um guia para corrigir a rota de onde se perderam na própria jornada.

O segredo bobo e simples talvez esteja aí; é difícil ajudar alguém numa travessia humana quando não se está percorrendo a própria. O caminho não percorrido não deixa rastros e não inspira. Se você, portanto, está sentindo falta de uma companhia de qualidade, esteja ou não ao lado de alguém, é hora de perguntar-se se você próprio não desviou muito de sua rota interior. Em caso positivo, não espere tempo demais para se fazer questionamentos básicos sobre si mesmo e sobre a vida, como um aprendiz. As perguntas serão mais valiosas que as respostas, nunca deixe de fazê-las.

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Captura de Tela 2014-08-26 às 10.05.17* Frederico Mattos: Sonhador nato, psicólogo provocador, autor dos livros “Relacionamento para leigos (série For Dummies)[clique]“,  “Como se libertar do ex” [clique aqui para comprar] e “Mães que amam demais”. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas cultiva um bonsai, lava pratos, oferece treinamentos de maturidade emocional no Treino Sobre a Vida e se aconchega nos braços do seu amor, Juliana. No twitter é @fredmattos e no instagram http://instagram.com/fredmattos – Frederico A. S. O. Mattos CRP 06/77094

 

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Revisão: Bruna Schlatter Zapparoli

About the author

Sonhador nato, psicólogo provocador, apaixonado convicto, escritor de "Como se libertar do ex" e empresário. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas medita, faz dança de salão e lava pratos.

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