Você quer ser normal?
* Por Frederico Mattos
Mas é normal isso, né, Fred? Esta é a pergunta mais comum que ouço no consultório.
No sentido estatístico, ser normal no Brasil significa não se assumir racista (quem não é branco é digno de desconfiança e medo), classista (pensar mal de pessoas mais pobres), homofóbico (só aceita o amigo gay bem longe, mas não o filho), machista (mulher é frágil e emocional; homem é racional e forte) e violento.
Consequentemente, sua tentativa desesperada de ser bem visto, querido, desejado e inserido talvez careça de critérios mais sólidos. Talvez ser uma pessoa adequada não seja o melhor dos mundos numa sociedade que privilegia valores que empobrecem a experiência humana.
Uma seleção mais apurada de pessoas que valorizem experiência humana pode ser mais trabalhosa e, no entanto, mais recompensatória. Melhor poucos e bons do que muitos e duvidosos.
Se você sai na rua sozinho e vai jantar mas teme os olhares das pessoas, talvez devesse insistir neste pequeno prazer cotidiano. Afinal, por que se deixar guiar por opiniões de pessoas que nunca mais verá na vida ou que simplesmente não estão gabaritadas para avaliar seu desempenho pessoal? Você levaria sua prova para ser corrigida por um doutor ou por alguém que não tem conhecimento? O mesmo vale para sua vida.
Quando alguém que você considera ter um pensamento raso, preconceituoso, limitado o elogia, devia ser motivo de preocupação do mesmo modo que uma ofensa seria motivo de alívio e contentamento consigo mesmo.
Movimentos de massa e de grande aceitação não deveriam atestar nada, só que algo foi fisgado num certo grau de superficialidade mental. Então cair na graça das pessoas, de modo geral, não é necessariamente bom. Ser popular não é o mesmo que ter qualidade, pode ser, mas na maioria das vezes só se torna popular por reforçar visões carregadas de limitações mentais.
Ser excêntrico ou criticado não deveria ser um problema em si. Viver pautado pelo que pessoas preconceituosas vão dizer (em suas fofocas) ou pensar é um passaporte direto para a infelicidade, pois como elas podem ser parâmetro de alguma coisa boa na vida?
Cair no gosto da sua avó (cheia de preconceitos) não é critério, entende?
Então não se preocupe em seguir as regras ou ser bem aceito (seitas usurpadoras e criminosos políticos são acolhidos por muita gente) pois ser normal não é exatamente uma vantagem quando falta critério para uma boa vida. Definitivamente não é.
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* Frederico Mattos: Sonhador nato, psicólogo provocador, autor do livro “Como se libertar do ex” [clique aqui para comprar] e “Mães que amam demais”. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas cultiva um bonsai, lava pratos, oferece treinamentos de maturidade emocional no Treino Sobre a Vida e se aconchega nos braços do seu amor, Juliana. No twitter é @fredmattos e no instagram http://instagram.com/fredmattos
Revisão: Bruna Schlatter Zapparoli