“Na hora que eu não aguentar eu paro”
* Por Frederico Mattos
Quando uma pessoa constata que vive uma relação ruim ela alega: “na hora que chegar no meu limite eu saio desse relacionamento”. Mas existe um fato curioso que ocorre nesse tipo de ligação; o senso de autoestima da pessoa que sofre agravos e abusos emocionais ou físicos vai se deteriorando.
Nós seres humanos somos muito adaptáveis, basta ver que nos ajustamos ao calor do deserto e às nevascas dos pólos terrestres. Nossa sensibilidade é capaz de se anestesiar a ponto de suportar ver pessoas dormindo na ruas, gente sendo morta, bundas saltando na TV e achar que tudo faz parte da paisagem natural.
Pessoas abusivas também podem ser vistas com essa percepção distorcida, pois na medida que aumentam o grau da tortura, parece que já não é agressão. Com o tempo e o medo reprimido começam até ser alvo de estima e carinho.
O critério de suportabilidade de dor para muitas pessoas pode ser levada ao infinito; quanto mais sofrem mais são capazes de aguentar sofrimento. Logo, a decisão de romper com certas prisões não é aguardar o ponto limite da falência das forças emocionais, físicas e morais, mas sair enquanto existe vida, vigor e brilho nos olhos.
Esperança cega é incapaz de resgatar a pessoa que causa mal-estar em você. Se ela chegou tão longe, será capaz de ir ainda mais. Não subestime o poder de um cenário ruim se tornar pior.
Melhor momento para interromper um fluxo de sofrimento: agora.
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* Frederico Mattos: Sonhador nato, psicólogo provocador, autor do livro “Como se libertar do ex” [clique aqui para comprar] e “Mães que amam demais”. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas cultiva um bonsai, lava pratos, oferece treinamentos de maturidade emocional no Treino Sobre a Vida e se aconchega nos braços do seu amor, Juliana. No twitter é @fredmattos e no instagram http://instagram.com/fredmattos
Revisão: Bruna Schlatter Zapparoli