A pessoa certa na hora errada
* Por Frederico Mattos
O que você faria se estivesse se envolvendo com uma pessoa incrível que surgiu num momento em que sua vida está seguindo na direção contrária?
É tão difícil chegar numa conclusão clara onde o que está em jogo é sentimento, tempo envolvido e projetos de vida. As escolhas que fazemos envolvem sempre duas opções que colocadas lado a lado são fáceis de decidir. Ficar na cama ou levantar num dia frio? Ir para a praia ou ficar em casa no verão? Dificilmente você tem que escolher entre duas coisas tão interessantes que parecem ter peso igual.
Ficar solteiro ou namorar? Os dois estados são agradáveis e desagradáveis em alguma medida, ambos dependem de habilidades diferentes e produzem sensações distintas, mas não é possível afirmar radicalmente que um é melhor que o outro. Dependendo do momento da vida ou do estado de espírito estar solteiro é uma vantagem estratégica. Por exemplo, alguém que decide fazer um intercâmbio e conhecer diferentes locais pelo mundo, esse é um projeto pessoal que é muito mais rápido, ágil e fácil fazer sozinho, sem nenhum constrangimento adicional.
No entanto, se nas vésperas dessa viagem você conhece uma pessoa incrível valeria a pena parar tudo para atender a esse outro apelo? Os idealistas e românticos diriam que sim, que vale namorar à distância, dariam exemplos bem sucedidos de pessoas que conseguiram. O ponto é que será mais trabalhoso, difícil e engenhoso fazer a viagem namorando. Para alguém que sempre esteve acostumado a namorar e viver uma vida pacata pode parecer tentador recuar na viagem ou arrastar o namoro à distância. Mas a viagem foi um compromisso consigo mesmo. É como quebrar um contrato consigo mesmo. Difícil, né?
Imagine outra situação de um casal que se conhece, se entende logo de cara, mas ele não quer ter filhos e ela quer desde-pequena-fanática-por-crianças-ama-muito-tudo-isso. Como seguir e abrir mão de algo valioso sendo que o contraponto não é necessariamente um caso de vida ou morte?
Pessoas incríveis que surgem em momentos indigestos, de perda, luto, dor, ressurreição pode comprometer toda essa via de redescoberta pessoal. Não é possível ser ingênuo em envolver outra pessoa que não tem nada a ver com isso numa grande confusão a despeito de querer viver o que dá vontade sem pensar nas consequências.
Vale pensar, meditar e refletir que sim, existe pessoa certa na hora errada e nessa hora o que deveria contar mais é a hora (que é sua e intransferível) e não a pessoa certa.
* Frederico Mattos: Sonhador nato, psicólogo provocador, autor do livro “Como se libertar do ex” [clique aqui para comprar] e “Mães que amam demais”. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas cultiva um bonsai, lava pratos, oferece treinamentos de maturidade emocional no Treino Sobre a Vida e se aconchega nos braços do seu amor, Juliana. No twitter é @fredmattos e no instagram http://instagram.com/fredmattos