Outono emocional
* Por Frederico Mattos
Gosto muito do outono, daquela sensação não muito sufocante do calor de verão e ainda não tão paralisante como o frio do inverno. A sensação de uma certa candura da natureza me toca profundamente, ela anuncia coisas importantes.
A metáfora das folhas caindo e sendo levadas por um vento refrescante remete ao trabalhoso processo de mudança interior. O outono nos lembra de nossa mutabilidade e de como o caminho da redescoberta pode ser libertador.
A todo momento o mundo externo nos chacoalha em nossas certezas e teimosias. Ignorar o apelo dessas perturbações seria seguir como quem recebe um presente e recusa sem o abrir.
O que sobra em você que precisa deixar cair?
Que pessoas teima seguir arrastando em sua vida que já estão secas?
Que ações já são inúteis e precisa desativar?
O que está obsoleto em sua visão de mundo que já pode ser deixado de lado?
A sensação inicial de perder algo pode parecer terrível, mas a leveza e liberdade que se abre em seguida permite que um novo tipo de vida ganhe força, plenitude e vigor. Deixar o passado para trás é uma forma de fincar os pés no que hoje realmente dá condições para a felicidade.
Deixar-se um pouco é um meio de seguir em frente. Mas há quem tenha medo de se desapegar de si mesmo que nem dá chance para o novo. A fênix da mitologia só renasceu porque se permitiu queimar em cinzas. Esse apelo é muito mais poderoso do que imagina.
Comece por coisas pequenas, trate cada ação automatizada como uma folha que deixa despencar de você para que venha outra possibilidade mais pensada e livre de obstáculos.
Deixe que o outono toque você, “desfloreça” para reflorescer.
* Frederico Mattos: Sonhador nato, psicólogo provocador, autor do livro “Como se libertar do ex” [clique aqui para comprar] e “Mães que amam demais”. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas cultiva um bonsai, lava pratos, oferece treinamentos de maturidade emocional no Treino Sobre a Vida e se aconchega nos braços do seu amor, Juliana. No twitter é @fredmattos.
Revisão: Bruna Schlatter Zapparoli