Horóscopo – O que fizeram com os deuses?
* Por José Chadan
Na antiguidade, os homens observavam o céu e as estrelas. Não se sabia com precisão qual a extensão do universo ou mesmo o formato da Terra. Cada povo tinha sua teoria. Uns achavam que a Terra era plana, outros que era como um ovo. Essa especulação remonta provavelmente aos sumérios ou babilônios (salvo engano).
Mas o que isso tem a ver com o Horóscopo? É o fato de que o que vigorou por grande tempo na história, foi a teoria aristotélica de que a Terra era o centro do universo e de que o sol girava em torno dela. Os homens acreditavam que, se uma pessoa nascesse quando o sol estava próximo a determinado planeta, como Marte, por exemplo, tal pessoa teria a vida influenciada por este planeta.
A ideia de que a Terra era o centro do universo e o sol, bem como os diversos planetas giravam em torno dela, durou até Galileu, que por ter defendido de que o Sol era o centro do universo e não a Terra, foi levado à fogueira pela Santa Inquisição. Vale dizer ainda, que muito antes de Galileu, embora não com a mesma precisão, Aristarco de Samos (270 a.C.) teria proposto o heliocentrismo (o sol como centro do universo). Porém, sua teoria foi deixada de lado tendo em vista a grande autoridade que Aristóteles representou (embora este tenha se equivocado quanto a formação e disposição dos planetas no cosmo).
Tendo em vista a noção corrente de que a Terra era o centro de tudo e que o Sol e os demais planetas e estrelas giravam em torno dela, sendo que um indivíduo nascido quando o Sol está próximo a Marte, seria regido por este astro ou um indivíduo que nascesse quando o Sol se aproxima do planeta Júpiter seria influenciado por este,… precisamos observar que o horóscopo faz sentido neste único e exclusivo contexto. Foi esta a concepção do universo que deu origem a astrologia e ao horóscopo: A Terra no centro, o sol e os demais planetas orbitando em seu redor.
E, já que os planetas influenciariam o destino do indivíduo que tivesse nascido sob sua influência, logo, os planetas eram também, personificados. Eram deuses! Marte, o deus da guerra. Júpiter, o deus do dia. Saturno, Netuno, o deus do mar. E assim por diante.
Mas o que Galileu e a ciência moderna fizeram com os deuses e com o horóscopo? Colocando o Sol no centro e a Terra na periferia do universo, a astrologia foi desacreditada como um conhecimento que tivesse fundamento sólido. O sol não se aproxima ou se afasta dos planetas, portanto, não faz mais sentido dizer que alguém nasceu sob a influência de Júpiter, Netuno ou Saturno.
Depois, com a chegada do homem à Lua e as visitas espaciais dos potentes telescópios da NASA, não faz nem mais sentido crer que os planetas são personas, deuses. Conclui-se, de que se você, amigo leitor, crê no horóscopo e na astrologia, você ainda está adotando o modelo geocêntrico do universo, ao passo que se você não acredita nessas coisas, é porque adotou a visão moderna e heliocêntrica do universo.
Não pretendemos desbancar a astrologia, nem o horóscopo. Durante muito tempo foram válidos. Os homens acreditavam e guiavam suas vidas baseado nele. Ele também possui sua beleza. Todavia é preciso entender como surgiu, quais suas bases e buscar re-significá-lo para que faça sentido ao homem moderno.
Excetuando tudo o que já foi dito, as fases da lua influenciam a vida na Terra. Como plantio, colheita e etc. Mas não o destino das pessoas. Entretanto isto é só um adendo.
Pense nisso quando for consultar o horóscopo! Eu sou ariano, nascido sob a influência do deus romano Marte – o deus da guerra. Será que também sou um belicoso?… e você? Qual seu signo e sua sina?
LEIA TAMBÉM:
Metafísica – de Aristóteles.
Wikipedia – Mitologia grega e romana
Ciência e fé – Galileu-Galilei.
O Poder do Mito – Joseph Campbell.
As mil faces de um herói – Joseph Campbell.
Algum livro sobre mitologia grega.
_____
* José Chadan: Professor, licenciado em história. Bacharel e mestre em filosofia. Escritor, pensador e autor do livro de poesias intitulado, Barca Melancólica (Fonte Editorial). Lecionou na rede de ensino do Estado de São Paulo durante 4 anos. Apresentou palestras para alunos pré-vestibulandos, cursos de jornalismo e participou de encontros e comunicações sobre filosofia medieval e existencialista. Nas horas vagas gosta de assistir cinema, caminhar pelas ruas da cidade e praticar meditação transcendental. Alguns de seus trabalhos estão publicados no blog: www.pistosdarazao.