Matemática para casar e engravidar
* Por Frederico Mattos
Acho terríveis os cálculos que muitas mulheres têm de fazer na hora de pensar na logística que vai de conhecer um cara legal a formar uma família.
Vejam se estou calculando certo.
Quando solteiras precisam estimar [nada rígido] uma média:
– 6 meses para encontrar um cara independente financeiramente (filhinho da mamãe não dá); heterossexual; agradável; que escreva e fale corretamente; cuide da aparência (já nem exigem beleza); converse de pelos três tipos de assuntos para além de carro e futebol; faça sexo gostoso (até toleram um cara mais ou menos); que aprecie a ideia de formar família; que não veja a traição como algo natural; trabalhe e pense nos outros (em especial nela);
– 1 a 2 anos de namoro, para não parecer afobada e descobrir se o cara não tem nenhum defeito incorrigível;
– 1 de noivado e planejamento do casório ou para juntar;
– 1 a 2 de recém-casados, especialmente para não parecer que está roubando a liberdade de ninguém;
– 6 meses tentando engravidar.
Resumo: de 5 a 6 anos para arredondar tudo de tal maneira que a decisão seja conjunta, feliz, sem onerar ninguém financeiramente e gerar naturalidade.
Imagine se um desses elos da corrente se rompe no meio do caminho? Uma bomba, a contagem volta no zero. Nisto ela já está com trinta nos é a conta começa a apertar o ovário. Se a quebra vai nos 33 anos tudo fica mais difícil, nos 36 então já dá para suar frio. Se o rompimento chega nos 38 anos o que pensar desse cara? Sem coração, no mínimo.
Quando uma mulher dá a deixa para conversar de filhinhos, não está querendo dar uma de chata ou pressionar o marmanjo a deixar sua mamãe querida e sair correndo para o altar. Mas, no mínimo, que dê sinal de vida de que tem consideração pela preocupação dela e pense com seriedade no assunto. Para ela o tempo urge, mas para o cara metido a Chico Anysio, filho dá para fazer até os 80 anos.
Os xiitas vão dizer que tudo tem que ser natural, espontâneo e não calculável. Sejamos práticos: o óvulo não vai esperar espontaneidade; passou do prazo ele não pinga mais no útero tão disposto a fecundar. A mulher precisa fazer um baita jogo de cintura para deixar que tudo corra muito bem, não parecer louca, não pressionar ninguém, assumindo o risco de que o cara se mostre um idiota no meio do caminho e ela ter que voltar à estaca zero.
Que canseira! Não consigo achar justo terem que se submeter a esse tipo de cronometragem, mesmo considerando as particularidades de cada casal.
Também não acho que ninguém deva ser tão calculista ou usar o homem como fecundador, afinal a quantidade de mulher desequilibrada se equipara ao número de homens. Porém penso que tem muito cara que gosta de empatar a vida da mulherada e que deveria tirar o time de campo se já percebeu que ela está querendo algo mais do que beijinho e namorico de adolescente.
Tem muito homem que já sacou que não vai querer se juntar/casar e ter filhos mas fica no meio do caminho da mulher sabendo que ela tem o brilho no olho para formar uma família. Ela tem o direito de seguir outro caminho se você não estiver de acordo.
O sonho de engravidar não tem sido fácil, então acho que vale um alerta coletivo. Ter filhos não é o único caminho para felicidade conjugal, e se for essa sua ideia, abra o jogo. Para os homens vale a ressalva, ouça com carinho sua mulher e não ache que é uma conversa banal ou para colocar algemas. Serão só planos de tranquilização cronológica, portanto, colabore e deixe claras suas intenções.
* Frederico Mattos: Sonhador nato, psicólogo provocador, autor do livro “Como se libertar do ex” [clique aqui para comprar] e “Mães que amam demais”. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas cultiva um bonsai, lava pratos, oferece treinamentos de maturidade emocional no Treino Sobre a Vida e se aconchega nos braços do seu amor, Juliana. No twitter é @fredmattos.
Revisão: Bruna Schlatter Zapparoli