* Por Frederico Mattos, psicólogo

Quando alguém acredita num tipo de amor puro, sem reservas ou questionamentos alegando que o único amor possível é esse confesso que surge uma ponta de compaixão com aquela visão de mundo. Estou longe de ser cético sobre a vida ou cínico de imaginar que o amor não seja uma experiência incrível, eu vivo diariamente esses pequenos milagres silenciosos com minha esposa.

Mas nenhum amor adulto é puro, e nem deveria ser, pois a personalidade humana é complexa e a vida tem uma profundidade que nenhuma pureza poderia sair viva.

Todo amor adulta é uma construção delicada de duas personalidades que viveram, sofreram, idealizaram e se desapontaram. Enfim, todos já foram marcados pela vida e entenderam que nenhuma escolha é tão simples ou ausente de intenção. É tudo bem entender que temos interesses mesmo por traz de sentimentos nobres.

A pessoa que ajuda também se nutre, a que reza também se conecta com algo maior, e a pessoa que ama também se engrandece com essa experiência.

Não precisamos de um purismo em acreditar que aquele amor da primeira série era verdadeiro pela inocência. Ele era insuficiente, pois não contemplava tudo o que uma vida adulta propõe. Era um amor de criança e como crianças tudo pode ser lúdico e mágico, mas entre adultos, apesar de toda a magia, pouca seriedade (necessária) e ludicidade as coisas têm mais corpo e contexto.

Mesmo o casal do filme clássico “Lagoa Azul” precisava pescar e se aquecer no frio e se proteger da chuva, a natureza volátil nos impõe esses impasses e o amor não pode negligenciar tudo o que acontece. O amor é importante, mas a cabana não escapa disso.
Então, se você espera para si um amor puro e imaculado, talvez esteja procurando pelo impossível é na melhor das hipóteses algo parecido com um namoro de cinco anos de idade.

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* Frederico Mattos: Sonhador nato, psicólogo provocador, autor dos livros Relacionamento para leigos (série For Dummies)[clique], Como se libertar do ex [clique aqui] e Mães que amam (demais livros e cursos [aqui]). Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas cultiva um bonsai, lava pratos e se aconchega nos braços do seu amor, Juliana.

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Frederico A. S. O. Mattos CRP 06/77094