A mágoa que mata uma relação amorosa
*Por Frederico Mattos
A maior parte dos relacionamentos naufraga por conta de um elemento simples e altamente destrutivo: a mágoa.
Fico pensando em como a mágoa surge numa relação. Então, vamos seguir no princípio do relacionamento e dos sonhos que alimentam uma união.
No início predomina o sonho encantado da união feliz e eterna. Os votos matrimonias simbolizam o desejo de que a pessoa amada complete um buraco em meu coração.
Aquela sensação de falta, angústia e vazio tem a promessa de completude inabalável. “Quando eu o conheci sabia que jamais seria a mesma pessoa” ou “ela fez algo por mim que jamais esquecerei”
Está selada a promessa de que o amor irá suprir e curar qualquer dor do passado (fantasmas que trazíamos da infância resultado das relações com os pais).
Pense na situação de uma criança, frágil, carente e vulnerável nas mãos de adultos ocupados, ansiosos e inseguros de seu poder de educar um filho. Esse conjunto de situações só produz um cenário propício a sentimentos de rejeição, abandono, culpa, raiva e medo em relação ao amor.
É desse fantasma que estamos falando, o parceiro terá que curar essas travas antigas.
A expectativa de um amor doador, intenso e romântico vai se deparando com uma realidade cansada, rotineira, exigente, inflexível e carente.
No meio de uma briga onde ele atrasa sem avisar e chega em casa levemente alcoolizado ela está dizendo nas entrelinhas “você prometeu que nunca me deixaria sozinha ou me faria de boba e agora chega se sentindo o homem mais esperto do mundo enquanto eu fazia o jantar?”
Depois de uma investida fracassada de sexo ele diz no subtexto “você me pareceu sempre tão sensual e à vontade com o sexo e agora fica me punindo quando está de mau humor!”.
Essa guerra silenciosa se perpetua dia-a-dia. Quando menos ela sente que ele dá de si, menos ela dá de si também. Passam a se nivelar por baixo e expressar o pior de si mesmos. Agridem, recuam, ofendem, se afastam e deixam rastros de peso morto.
Cada atitude passa a ser cínica e automática, as palavras são dotadas de incredulidade e arrogância. Cada vez mais fechados um acaba condicionando o comportamento do outro. “Já que ele(a) não me dá o que preciso também não dou!”
O grande problema dessa estratégia é que ela não leva a lugar nenhum, porque para punir a outra pessoa eu arranco um pedaço de minhas virtudes…
Esse ciclo vicioso só conseguirá acabar com um sentimento de real liberação da outra pessoa numa base mais generosa e desprendida de vontade de poder.
Esse é o resultado quando deixamos a mágoa corroer a relação.
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* Frederico Mattos: Sonhador nato, psicólogo provocador, autor dos livros Relacionamento para leigos (série For Dummies)[clique], Como se libertar do ex [clique aqui para comprar] e Mães que amam demais. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas cultiva um bonsai, lava pratos e se aconchega nos braços do seu amor, Juliana. Oferece treinamentos online de “Como salvar seu relacionamento” e “Como decifrar pessoas” No Youtube seu canal é o SOBRE A VIDA [clique aqui] No twitter é @fredmattos e no instagram http://instagram.com/fredmattos – Frederico A. S. O. Mattos CRP 06/77094