Mudar o jeito de alguém não funciona
* Por Frederico Mattos, psicólogo clínico Uma das perguntas que mais ouço – mulheres em sua maioria – é como mudar o jeito de alguém, seja o filho ou o parceiro amoroso. Bem, meu trabalho é ajudar pessoas a mudar e sei quais são os reais limites e possibilidades da mudança de alguém. Seguem alguns lembretes importantes:
– Não ache que sua visão é melhor, só diferente O seu percurso e o da outra pessoa são diferentes, além das referências biográficas e processos internos. Pressupor que vocês deviam pensar e agir do mesmo jeito só porque estão próximos é um grande engano.
– Seu ar de superioridade só atrapalha Quem ajuda costuma assumir uma postura de que já se superou e quer ensinar a lição para um sofredor-desgraçado. Isto, além de ofensivo (e falso) é humilhante. Parta do pressuposto que estamos todos no mesmo barco.
– Quem quer mudar o jeito de alguém normalmente realimenta esse jeito Mães, pais, amigos, parceiros amorosos não notam, mas realimentam e reforçam os comportamentos que mais criticam. Muitas vezes o comportamento problemático de alguém cria em quem convive uma sensação de mártir sofredor. Esta postura parece ter suas vantagens pois impede que a pessoa olhe para os próprios problemas. Na hora que a pessoa problemática mudar o que restará é a outra carente de problemas para resolver.
– Mudanças acontecem por ações externas e internas, mas essencialmente surgem de pontos críticos Para certos casos crônicos, só um choque de realidade fará com que o primeiro passo aconteça, então imaginar que ela queira por si própria mudar é um pouco de ingenuidade.
– Mudanças começam tímidas Não espere grandes conversões pois na maioria das vezes o fogo de palha apaga nos primeiros obstáculos. As mudanças mais graduais são mais confiáveis, então é bom estimular pequenos esforços da outra pessoa.
– Grandes mudanças precisam de grande período de treino para se sustentarem As emoções são como músculos; para se fortalecerem precisam de treino duradouro e insistente. Não espere milagres.
– Mudanças surgem de bons motivos ou vantagens Ninguém muda se não tiver uma real vantagem na nova postura. Muitas vezes o cenário muda e a pessoa percebe que o modelo antigo já não serve mais. Sem ter algum tipo de recompensa material, emocional, social ou espiritual ninguém se move da cadeira.
O que fazer a respeito?
– Mude você primeiro Antes de reclamar do ponto mais difícil sobre a outra pessoa, eleja o que é mais difícil de mudar em você.
– Busque ajuda de pessoas de fora Não adianta imaginar que você é Hércules e realizar todos os doze trabalhos de mudança sozinho. Muitas vezes precisará de ajuda de familiares ou especialistas profissionais.
– Inspire agindo de modo diferente Ao invés de ficar martelando na cabeça com falas chatas e cobradoras, comece a inspirar a pessoa com sua própria vida. Isso tem um poder extremamente convincente.
– Apoie mudanças mínimas Não seja radical do tipo “é tudo ou nada”; apoie pequenos progressos.
– Traga referências indiretas sem alfinetar Trazer um livro, uma palestra, um e-mail ou um amigo costuma funcionar. No último workshop que fiz havia uma marido um pouco contrariado que lentamente se abriu e ao final estava com um baita sorriso no rosto, feliz da vida. Às vezes alguém de fora ajuda.
– Mostre a insuficiência do jeito da pessoa sobre você Se a pessoa afeta você, não finja que não está acontecendo. Deixe claro como isso perturba o convívio. Mas faça-o verbalmente, com serenidade e olhos firmes. Não adianta ficar com cara amarrada ou com manha.
– Seja capaz de romper o vínculo para se proteger Se em último caso nada funcionar, você precisa ser capaz de diminuir ou romper o vínculo, pois sem um plano B qualquer tentativa de forçar a barra não terá força real. Boa sorte!
* * * Se você realmente quer ajudar alguém à amadurecer você precisa fazer sua jornada primeiro, então convido para que nos dias 29 e 30 de novembro consiga dar o primeiro passo no workshop “Construindo Maturidade emocional” [clique aqui para saber mais]
_____________ * Frederico Mattos: Sonhador nato, psicólogo provocador, autor dos livros “Relacionamento para leigos (série For Dummies)[clique]“, “Como se libertar do ex” [clique aqui para comprar] e “Mães que amam demais”. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas cultiva um bonsai, lava pratos, oferece treinamentos de maturidade emocional no Treino Sobre a Vida e se aconchega nos braços do seu amor, Juliana. No twitter é @fredmattos e no instagram http://instagram.com/fredmattos – Frederico A. S. O. Mattos CRP 06/77094
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