Sobre mudanças e ciclos

* Por Juliana Baron

No dia 19 desse mês completei dois anos como colaboradora do “Sobre a Vida”. Desde o meu primeiro texto por aqui, iniciei e concluí ciclos importantes e sofri inúmeras mudanças. Das principais: me casei (oficialmente), comecei o curso de Psicologia, lancei um novo blog, dei início a uma consultoria literária, engravidei do meu segundo filho e a última, mudei de endereço. E foi, justamente, nesse processo de mudança, com todos os seus percalços e cansaços, que eu refleti um tanto sobre mudar num modo geral.

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Na minha última sessão de análise, falei sobre a minha necessidade por variar, de vez em quando. Seja a cor de uma parede ou a minha conta pessoal no Instagram, quando me percebo muito estagnada, sinto a coceira da mudança. Ainda não descobri se isso é algo necessariamente bom ou se trará questões relevantes do meu inconsciente, só sei que depois de cinco anos no mesmo apartamento e com um tempo até a nossa casa ficar pronta, a última grande vítima desse meu desejo foi o nosso lar. Como a família aumentará em alguns meses, começamos a pensar em nos mudarmos para um lugar com mais espaço. A questão é que tínhamos a ideia de nos mudarmos dezembro, mas depois que cogitamos essa mudança, a tal coceira bateu, dessa vez coletivamente, e cá escrevo eu do novo apartamento.

Apesar de super satisfeita com o novo endereço, nesses últimos dias, às voltas com caixas e organizações, concluí que mudanças dão um trabalho danado. Primeiro, precisamos tirar tudo do lugar. Coisas que há anos se acomodavam na mesma prateleira são removidas, limpas, selecionadas e empacotadas. Depois as locomovemos até o novo espaço e as alocamos. Penso eu que assim também acontece com as mudanças da vida. Para mudar, primeiro remexemos tudo. A princípio, o aspecto pode ficar meio confuso e até parecer bagunçado, mas aos poucos as coisas vão se ajeitando e o nosso olhar vai se acostumando com aquele novo panorama.

Outra parte boa das mudanças é que hábitos antigos também são revistos nesses processos. Eu continuo apertando no mesmo botão do andar em que meu carro ficou estacionado nos últimos cinco anos. Eu continuo saindo do elevador e dobrando à esquerda ao invés de seguir reto. Eu ainda bato o joelho na porta do banheiro quando saio do chuveiro. Só depois que precisei mudar ações automáticas é que percebi como fazia tudo sem nem pensar no que estava fazendo.

Enfim, me confesso sem muito tempo ou inspiração para grandes reflexões. Hoje todas as minhas energias estão canalizadas para tentar dar um pouco de ordem ao caos aonde resido nesse momento. Por conta da gravidez também preciso descansar e diminuir um pouco o ritmo. Imaginem que esse encontro entre a necessidade de ação e a necessidade de repouso vem sendo um exercício bem interessante para mim.

Queria deixar o meu agradecimento de sempre ao Frederico pela concessão desse espaço que eu sei que lhe é muito caro. Caro no sentido de importante, o que fica muito evidente no cuidado que ele tem com os seus textos e com as mensagens que leva aos seus leitores. Achei engraçado que esses dias, fui parabeniza-lo por inbox pelo lançamento do seu novo livro e ele disse que os leitores do “Sobre a Vida” o agradecem pelo “nosso” blog, como se ele também fosse meu. Lógico que me senti super feliz e me sinto parte desse espaço, mas aqui sou apenas uma colaboradora que procura compartilhar seus próprios conflitos e questionamentos com os leitores. O mérito do blog é TODO do Fred e do seu conhecimento de vida!

Então, que venham mais e mais anos por aqui (se o Fred topar), mais e mais mudanças, mais e mais ciclos e mais e mais experiências para que eu tenha assunto para escrever!

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Baron* Juliana Baron Pinheiro: casada, mãe, mulher, filha, irmã, amiga, formada em Direito, aspirante à escritora, blogueira e finalmente, estudante de Psicologia. Descobriu no ano passado, com psicólogos e um processo revelador de coaching, que viveu sua vida inteira num cochilo psíquico. Iniciou uma graduação para compartilhar com os outros a maravilha da autodescoberta e que acabamos buscando aquilo que já somos. Lançou seu blog “Psicologando – Vamos refletir?” (www.blogpsicologando.com), com textos que retratam comportamentos e sua caminhada no curso de Psicologia.
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