Crescer e Aparecer

* Por Adriana Cubas

Como compartilhei com vocês em outro texto, durante alguns anos eu trabalhei como atriz, minha primeira formação é em Artes Cênicas. Esses dias eu lembrei de um exercício que todos os estudantes de teatro certamente já fizeram. O exercício da sementinha!

Ele é um clássico das aulas de teatro – quem já fez, sabe do que eu estou falando. Mas para quem não faz idéia do que é, vem comigo que eu te explico.

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Você começa o exercício deitado no chão, pode ser em posição fetal, encolhido, agachado, como você achar melhor. Nesse momento você é uma sementinha que está embaixo da terra, e aos poucos, em movimentos bem lentos – praticamente em câmera lenta – essa sementinha vai despontando para fora da terra. As raízes vão crescendo e dando a base para o caule crescer, as primeiras folhas vão despontando, o caule da plantinha vai fortalecendo e se tornando maior, surgem os primeiros galhos, a folhagem se torna robusta, e aquela sementinha se tornou uma bela arvore. Tudo isso em 1 hora, aproximadamente. E então o exercício termina e todos compartilham como foi a experiência.

Lembro que quando eu fiz, eu senti um misto de estranhamento, incomodo e leveza. Conforme ia fazendo o exercício, muitas coisas passaram pela minha cabeça, do tipo “como assim sou uma sementinha?”, “que coisa mais ridícula”, “meu corpo está doendo, quando esse exercício vai acabar”, “se alguém me ver nessa situação, vou ser zuada pelo resto da vida”, “o que isso tem a ver com teatro?”, “quer saber, vou sabotar esse exercício e terminar logo”

Um detalhe muito importante: quem terminava o exercício antes do tempo estipulado, tinha que esperar todos terminarem para poder se mover. Sim, você tinha que ficar parado na posição de sua “arvore”, o que era muito doloroso…

Quando pensei em sabotar o exercício terminando mais rápido, lembrei desse detalhe, só que já estava no meio do caminho e tive que desacelerar os movimentos, o que tornou tudo mais difícil e dolorido – nesse momento você descobre músculos que não fazia idéia que existiam.

Em algum momento, eu resolvi aceitar a situação e usar minha imaginação a meu favor, me visualizando como a arvore em crescimento. Foi aí que eu comecei a entrar em um estado de concentração e entrega e consegui terminar o exercício dentro do prazo. Quando voltei “ao normal”, me senti muito tranquila, em paz, mesmo o processo inicial ter sido imensamente dolorido, incomodo e ridículo.

Mas outras pessoas não se sentiram assim, acharam o exercício chato, não conseguiram se concentrar, desistiram no meio do caminho porque tiveram câimbras, outros entraram em estado de meditação, viajaram na essência da arvore, etc.

Lembrei desse exercício esses dias e me peguei refletindo sobre isso, fazendo um paralelo com o processo de crescimento que todos nós passamos durante toda nossa vida.

Começamos como uma sementinha embaixo da terra, que apesar de ser um lugar aconchegante e seguro não nos traz muita perspectiva, e sem conseguir ver além, tudo parece muito confuso. Porém, se ficarmos muito tempo nessa situação de suposto conforto, vamos sufocando, murchando e por fim, “desaparecendo”.

Crescer dói e é inevitável sentir-se desconfortável com situações fora de nosso controle, o primeiro impulso é desistir e voltar para aquilo que é confortável, nada parece conspirar a favor. Nada acontece no tempo que gostaríamos que acontecessem, parece que tudo está em câmera lenta, nos sentimos perdidos, desamparados, sozinhos…

Mas se persistirmos, continuando avançando apesar da dor, do incomodo, respeitando as etapas, aceitando os desafios e nos abrindo para o novo, começamos a enxergar além. Começamos a entender que os obstáculos existem para nos fazer mais fortes, mais sábios, mais confiantes.

As vezes precisamos desacelerar para podermos enxergar o caminho, se estamos na direção certa ou se desviamos completamente de nosso objetivo.

Para vencermos os obstáculos em nossa vida, precisamos entender que para satisfazermos nossas vontades e obter sucesso em nossa vida, devemos traçar um plano de ação. Saber onde queremos chegar, com quem podemos contar, o que depende de nós, quais os recursos temos disponíveis e se não temos os recursos necessários, como podemos conquista-los.

E nós somos responsáveis em escolher se queremos ser eternas vítimas ou vencedores. Se queremos ser para sempre uma sementinha ou desabrochar como uma bela arvore.

E você, em qual fase do exercício da sementinha está?

 

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adriana*Adriana Cubas – Coach profissional, formada pela ABRACOACHING e pelo Behavioral Coaching Institute (BCI), fundadora da ACTUS Coaching, atriz e consultora em treinamento e desenvolvimento. Apaixonada por pessoas, suas histórias e sonhos, tem como missão ajudar e fazer parte do desenvolvimento de pessoas nas suas conquistas por uma vida mais feliz e plena. Para mais informações [clique aqui]

About the author

Sonhador nato, psicólogo provocador, apaixonado convicto, escritor de "Como se libertar do ex" e empresário. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas medita, faz dança de salão e lava pratos.

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