Os labirintos da vida
* Por Juliana Baron
E quando a gente menos espera, a vida vem e nos coloca diante de mais um labirinto. Daqueles complicados, cheios de encruzilhadas e momentos que pedem, ao mesmo tempo, calma e poder de escolha.
Como mencionei no meu texto anterior, estou grávida do meu segundo filho e mesmo que essa tenha sido uma gravidez super planejada, de alguma maneira, ela me pegou de surpresa (engravidei no primeiro dia de tentativas) e bagunçou um pouco a minha vida e a minha rotina.
Como me confesso um tanto controladora, já sei que levarei algum tempo até conseguir lidar com o descompasso inicial causado pelas modificações biológicas – sono, enjoo, cansaço – e pelas mudanças psicológicas. Até estou trabalhando essa coisa do controle em análise, mas enquanto não deciframos essa minha necessidade de controlar vários aspectos da minha vida, ando sofrendo um pouco com essas instabilidades e inseguranças.
Vinha tudo tão certo, equilibrado, escolhido, organizado e de repente, precisei desacelerar, repensar alguns planos, retomar algumas ideias. Precisei trocar de atividade física, fiquei sem meus chás estimulantes, sinto muito sono num período em que precisava estar disposta para finalizar o meu livro e estudar, vamos precisar encontrar um apartamento maior até a nossa casa ficar pronta. Enfim, pequenas adaptações que eu sei que logo entrarão nos eixos, mas que estão me ocupando bastante.
Por outro lado, percebo que esse novo momento está servindo para que eu “re-reflita” sobre algumas das minhas limitações, sobre algumas crenças chatas que ainda carrego, sobre uma ansiedade que sinto de que tudo esteja sempre certo e sobre as expectativas descabidas que construo em cima de algumas pessoas e acontecimentos. Como eu mesma acredito, são justamente esses momentos de desequilíbrios que fazem a roda da vida girar, que fazem com que as coisas aconteçam, que movimentam…
Apesar de estar compartilhando essa angústia que senti/sinto nesse primeiro momento da gravidez, deixo claro que estou muito feliz. O desejo de engravidar já estava presente desde o ano passado e estamos todos muito realizados com a novidade. Porém, como também fiz na minha primeira gravidez, gosto de trazer todos esses questionamentos que envolvem a maternidade para que outras mães também se reconheçam e entendam que tudo bem você sentir dúvidas, inquietações e sentimentos desse tipo.
O bom desses momentos de supostos desequilíbrios, é que no fim, tudo vira condição para evoluir. Às vezes, se não somos colocados em labirintos, se não nos posicionarmos diante de algumas decisões, a vida simplesmente não acontece.
Para finalizar, deixo um pensamento que já virou quase um mantra. Não sou muito fã da Pollyanna e do seu jogo do contente, mas hoje em dia, sempre que acontece algo que não me agrada, penso que logo aquela experiência fará todo sentido. Não necessariamente que ela vá ter um lado bom, mas que ela aconteceu como possibilidade de me mostrar algo. E eu falo desde coisas bobas, como alguém ter desmarcado um compromisso comigo em cima da hora, até eu concluir que a nossa casa não ficará pronta no período que estávamos esperando. Hoje procuro compreender que nada acontece por acaso e que tudo tem uma razão de ser.
Se a minha gravidez veio dessa primeira tentativa, enquanto eu ainda me organizava para recebê-la, é porque assim como da primeira vez, tenho muito o que aprender com ela. Assim, a recebo com todo o amor do mundo e me preparo para todas as transformações que eu sei que ela trará (já está trazendo).
E que venham mais labirintos.
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* Juliana Baron Pinheiro: casada, mãe, mulher, filha, irmã, amiga, formada em Direito, aspirante à escritora, blogueira e finalmente, estudante de Psicologia. Descobriu no ano passado, com psicólogos e um processo revelador de coaching, que viveu sua vida inteira num cochilo psíquico. Iniciou uma graduação para compartilhar com os outros a maravilha da autodescoberta e que acabamos buscando aquilo que já somos. Lançou seu blog “Psicologando – Vamos refletir?” (www.blogpsicologando.com), com textos que retratam comportamentos e sua caminhada no curso de Psicologia.