Como superar a dor de uma traição?

* Por Frederico Mattos 

A traição sofrida não é uma experiência simples de atravessar. Normalmente noto duas reações típicas.

A primeira é de alguém que em geral consegue ter alguma desenvoltura e maturidade para administrar suas perdas, sem agir de modo descontrolado, acusatório e vingativo.

Essa pessoa fica desnorteada por um tempo, mas abre-se para a possibilidade de lidar com o luto sem grandes estardalhaços. Ela vai pegar os cacos, deixar que a dor a atravesse e conviver com a tristeza até um ponto que consiga expurgar a sensação de decepção.
traiçoes
Como sabia que a relação era feita de duas pessoas, não vai sobrecarregar os ombros do pulador de cerca e, provavelmente, irá tomar sua parte na história e aprender algo com o ocorrido.

Normalmente ela costuma sacudir a poeira e seguir em frente, entendendo que a vida tem seus revezes e que nem tudo está no seu controle. Aliás, chegará na conclusão de que realmente não tem poder sobre os sentimentos e desejos de ninguém e resta apenas se recompor para tomar uma decisão pessoal.

Pode concluir de que o relacionamento, se olhado globalmente, tem chances de evoluir a partir do ponto crítico e por isso seguir nele. Ou também pode tomar a traição como a gota que transbordou o copo de uma relação que teimou em arrastar até este momento.

Na hora de buscar outro relacionamento, o traído tem o bom senso de circunscrever a atitude à pessoa e a relação específica, e não despejar um mar de ranço, desconfiança e paranoia sobre alguém que não tem ligação com história anterior. E se pressente que não está em condições, fecha a porta para balanço.

Existe ainda um segundo tipo de reação, daquela pessoa que tinha a cabeça bem bagunçada e usa a traição sofrida como um discurso panfletário para acusar todas as pessoas do planeta de indignas de confiança e amor.

Esse tipo de argumentação é comum entre muita gente que se identifica e levanta bandeiras iguais, afinal a infantilidade é algo bem popular. Nossa sociedade faz vista grossa para o descontrole de quem foi traído, parece que existe uma licença poética para acolher uma identidade vingativa e desequilibrada. Mas penso que este é o tipo de acolhimento que estimula a cegueira e que não ajuda ninguém. Precisamos chamar o outro pelo seu melhor, e não deixar que se entregue num tipo de vida amargurada em relação ao amor. O amor não é uma categoria impessoal, mas sempre resultado da complementação saudável ou doentia de duas pessoas.

Muito mais trabalhosa, a primeira postura depende de dedicação árdua para conter qualquer forma de orgulho, egoísmo, ódio desgovernado e imaturidade. É raro encontrar pessoas com este tipo de disponibilidade emocional para administrar uma catástrofe com a sabedoria de quem não se acovarda diante de uma batalha interior. Mais fácil e simples é descer a ladeira e agir como uma eterna vítima das circunstâncias.

Você tem sempre a escolha para agir como alguém de quem vai sentir orgulho daqui alguns anos ou se terá certa vergonha de olhar para trás e perceber que agiu da pior maneira possível.
A traição, nesse sentido mais amplo, será um teste de maturidade e vai evidenciar que tipo de pessoa realmente é e não como imagina que seria.

 

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Fred
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Avatar fred barba* Frederico Mattos: Sonhador nato, psicólogo provocador, autor do livro “Como se libertar do ex” [clique aqui para comprar] “Mães que amam demais”. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas cultiva um bonsai, lava pratos, oferece treinamentos de maturidade emocional no Treino Sobre a Vida e se aconchega nos braços do seu amor, Juliana. No twitter é @fredmattos.

 

 

Revisão: Bruna Schlatter Zapparoli

About the author

Sonhador nato, psicólogo provocador, apaixonado convicto, escritor de "Como se libertar do ex" e empresário. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas medita, faz dança de salão e lava pratos.

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