Cagado e meio
* Por Frederico Mattos
Tem um ditado popular que diz “já que está cagado, então que fique cagado e meio”, como se traduzisse um desleixo com aquilo que já está ruim.
A mente humana funciona nesses padrões, da mesma forma que diferencio o trem e o metrô em SP. O metrô assumiu uma política de tolerância zero com sujeira ou pixação. Se algo sai fora da limpeza original é imediatamente limpo para conservar como estava. Isto tem um efeito sobre a população que, de alguma maneira, intenciona sujar o metrô e se sente constrangida. O que está limpo segue limpo.
No trem acontece o inverso e por isso a condição é mais precária. São populações muito parecidas que transitam nos dois meios e agem com uma diferença visível.
Quando você se dedica a acertar o passo da sua vida, tenta colocar tudo em ordem com o máximo de dedicação e precisão. No entanto, basta um deslize para que imediatamente desça a ladeira do mau hábito novamente até retornar ao início.
Por quê não corrigir rapidamente a rota e retomar do ponto anterior? Por quê não seguir na mesma disciplina de antes?
Quando você descuida de uma área da sua vida parece o efeito do trem. Quanto mais errado age, reforça que merece afundar mais rápido.
Quando perceber já esculhambou toda a vida, reclamando que está caótica.
Do mesmo modo seria se colocasse tudo nos trilhos e ficasse triste em deixar que um problema afetasse todo o resto que está tão organizado e bonito. Sabe a dieta que está fazendo? Para quê esculhambar e perder todo o trabalho? É como carro novo, dá dó de tratar mal, mas quando suja um pouco já quer deixar sujo de vez.
Será que não chegou o momento de nivelar-se por cima?
E você, como tem tratado a sua vida?
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* Frederico Mattos: Sonhador nato, psicólogo provocador, autor do livro “Mães que amam demais”. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas cultiva um bonsai, lava pratos, oferece treinamentos de maturidade emocional no Treino Sobre a Vida e se aconchega nos braços do seu amor, Juliana. No twitter é @fredmattos.
Edição de texto: Bruna Schlatter Zapparoli