Onde você estava com a cabeça?
* Por Frederico Mattos
Olho as pessoas e me confesso assombrado, o nível de aceleração é muito grande.
Repare com calma, mas as pessoas raramente conseguem permanecer tranquilas, presentes e olhando nos olhos por mais que alguns segundos.
Os celulares são os principais recursos para evitar qualquer tipo de constrangimento social ou solidão.
De forma geral as pessoas se queixam de memória fraca quando na realidade não possuem nenhum problema físico. O fato é mais simples, já que a memória precisa passar pela fase de captação do estímulo para que se possa evocar futuramente. Como as pessoas estão sempre desligadas do momento presente elas escutam mas não ouvem, enxergam mas não veem. No momento de recobrar o que foi dito ou visto não conseguem, pois uma nuvem de informações fragmentadas poluiu sua rememoração.
Costumo brincar que nosso fascínio atual por filmes de zumbis é porque eles nos representam. Um monte de mortos-vivos andando sem rumo e meio apáticos pelas ruas.
Vejo as pessoas mais conectadas em momentos raros, especialmente em horas de dor em que os acontecimentos contrariam a lógica e elas são postas a pensar sem o automatismo habitual. Diante do impasse se elas ficarem alheias a correnteza da vida as atropelará.
No final o que resta para muitos é uma sensação de vazio e perda de qualidade de vida. Mas só sai perdendo na vida quem nunca permaneceu presente onde realmente estava.
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* Frederico Mattos: Sonhador nato, psicólogo provocador, autor do livro “Mães que amam demais”. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas cultiva um bonsai, lava pratos, oferece treinamentos de maturidade emocional no Treino Sobre a Vida e se aconchega nos braços do seu amor, Juliana. No twitter é @fredmattos.