“Em briga de marido e mulher ninguém mete a colher”
*Por Frederico Mattos
Os ditados populares aparentemente carregam uma sabedoria irrefutável, mas nem sempre é assim, muitos deles reforçam preconceitos e tabus ultrapassados, mas que ainda pairam no inconsciente coletivo. Uma das coisas que mais sou chamado para fazer é meter a colher nas “brigas” de muitos maridos e esposas, seja por textos, terapias de casal (individual) ou conselho para amigos. Precisei pensar qual é maneira boa e a ruim para isso.
O casamento não é uma estrutura blindada de questionamentos, ainda que muitos pensem assim. Mas sei que assumo um grande risco, aliás enorme risco, no final a probabilidade de você sair como o cara chato que conspirou a favor ou contra um ou outro é muito grande.
Deixo 8 considerações, fruto de 10 anos de experiência no ofício de psicólogo, caso você queira meter a colher em algum casal:
1 – Não compre nenhum lado do casal
O casal é uma unidade, uma ponta nunca age desgarrada da outra. Se um é ciumento o outro alimenta ativa ou passivamente essa loucura. Se alguém bate alguém põe a cara à tapa ou na última hora tira a queixa feita na polícia. Tomar um partido é o primeiro erro comum de quem quer ajudar um casal, pois ignora-se essa complementaridade saudável ou patológica.
2- Não acredite nas histórias contadas
Mesmo não admitindo, contamos mentiras para os outros o tempo todo, desde coisas que gostaríamos de ocultar até aquelas que nos envaideceríamos de ter feito. Após contar tantas vezes uma leve mentira ela se torna uma grande e pautamos nossas decisões baseados em versões da realidade. As histórias de casais, portanto, estão recheadas de falseações e dependendo da briga o tom dramático pode pesar ainda mais. Cuidado!
3 – Não pressuponha bom senso
Casais formam pactos psicológicos estranhos do tipo “me agrida para me sentir amada”, “gosto de ser castigado para me sentir útil”, “detesto quem sou então me ame alucinadamente”. Portanto, nunca parta do princípio que eles agem com bom senso, lógica e sabedoria.
4 – Não ataque uma pessoa
Mesmo que pareça óbvio ao fazer isso corre o risco de ganhar dois inimigos, pois mesmo a pessoa que delata o parceiro “maldito” guarda em si um mecanismo muito forte de recompensa e pertencimento. E mesmo a pessoa de quem se fala é só uma versão psicológica da pessoa real.
5 – Questione a visão
Mais do que pessoas ou fatos, se atenha as visões que são adotadas pelo casal. A própria maneira que a pessoa conta sobre o problema já revela muitas cegueiras psicológicas que eles adotam e que prejudicam o caminho do relacionamento.
6 – Não aponte resultados
É mais fácil você acertar os números da mega-sena do que o resultado de um relacionamento. Os casais fazem percursos completamente pessoais e gerenciam suas loucuras de maneiras muito particulares. Apontam um caminho é tão vago que é preferível partir do pressuposto que eles ficarão juntos para sempre, ainda que se detestando.
7 – Provoque o questionamento
Ao invés de dar palpites, que na sua maioria só reforçam os problemas do casal (dada a cegueira usual também de quem aconselha), ofereça perguntas inteligentes, questionamentos sobre o que é “óbvio” e deixe que a pessoa se enrole nas próprias certezas para no final perceber que elas não levaram a lugar nenhum. A dúvida saudável muitas vezes é melhor do que a certeza cheia de convicção.
8 – Seja convidado
Você deve agir como os antigos vampiros de filmes (os novos vampiros brilham ao sol), só entram numa casa quando são convidados. Mas não espere que o convite seja claro, um comentário, um resmungo pode soar como uma oportunidade de perguntar: “você quer falar mais sobre isso? Me parece que tem sido recorrente essa sua queixa.”
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* Frederico Mattos: Sonhador nato, psicólogo provocador, autor do livro “Mães que amam demais”. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas cultiva um bonsai, lava pratos, oferece treinamentos de maturidade emocional no Treino Sobre a Vida e se aconchega nos braços do seu amor, Juliana. No twitter é @fredmattos.