Dinheiro: uma desculpa

Não sei se é mal de psicólogo, mas tenho uma especial capacidade de identificar contradições humanas. Quando se fala de dinheiro vejo inúmeras delas, o tempo todo.

Realizo palestras que considero boas não só para transmitir conteúdos relevantes no que se refere a mente, comportamento e para ajudar as pessoas a se libertarem de sofrimentos resultado de puro desconhecimento.

Esse guardou para algo que realmente queria

Esse guardou para algo que realmente queria

Recebo muitos pedidos para palestrar de diversos assuntos e quando finalmente proponho a tal palestra recebo objeções via inbox no facebook do tipo: “poxa, Fred, preço salgado” detalhe, a palestra custa R$50,00 preço de uma pizza e sobremesa numa pizzaria não tão cara de São Paulo. Sei nessa hora que não é de dinheiro que ela está falando.

O ponto não é pessoal, ouço isso sobre outras tantas questões relevantes.

Ela alega não ganhar tão bem, porque não tem uma especialização na sua área de atuação que custa R$600,00 no mês. Ela não se empenha em priorizar sua melhor qualidade de vida ao abrir mão de pelo menos dois shows por mês dos seus artistas favoritos ou adquirir souveniers desnecessários.

Vejo o sujeito reclamar que não tem a saúde boa e resiste em passar no médico bom que custa R$450,00, mas já fez peregrinação por 5 médicos do convênio (nada contra médicos de convênios) comprou remédios que já excederam o valor de R$450,00 e mesmo assim permanece se queixando da tal dor e sem ir no tal médico especialista naquele tipo de dor.

O sonho do outro é trabalhar com música, mas alega falta de tempo e dinheiro para se dedicar a aprender um instrumento como deveria. De outro lado usa o dinheiro para comprar maconha semanalmente e “investe” seu tempo com “amigos” para dar um rolê e usufruir durante horas do produto adquirido. Não é de tempo e nem dinheiro o problema.

Vejo pessoas se negarem a comprar um livro “caro” de R$29,90 sobre qualquer assunto de interesse que as ajude a entender melhor sobre algo significativo, no entanto gastam R$70,00 numa vidente (nada contra videntes) das “boas” para obter respostas impessoais e passam tempo comprando créditos para acelerar a produção na fazendinha do Facebook.

Outra alegou que não teria onde morar caso se separasse de um relacionamento ruim. O pai dela ouvindo isso bancou uma casa para que fizesse a mudança. Ela ficou onde estava, casada e reclamando.

Ainda vejo aqueles que gastam R$3.000,00 numa festa de aniversário de um ano (até os 12) de idade do filho, mas se recusam a investir o mesmo valor em algum tipo de curso ou aprimoramento por 12 meses para si mesmos que daria uma mensalidade de R$250,00 mês e de quebra melhoraria efetivamente a vida dos filhos.

Se questionados alegarão falta de tempo, dinheiro e apoio, mesmo sabendo que não é esse o problema, pois gastam numa compra por impulso muito mais do que fariam numa experiência de desenvolvimento pessoal significativo.

Não é a solução que muitos buscam, mas meras distrações que alienem dos reais problemas e que sustentam uma vida cheia de queixas vazias e um ciclo de ininterruptos insucessos criados por eles mesmos.

Prova disso? Já ofereci de graça para uma pessoa que fez esse tipo de objeção financeira, só para testar se a questão era financeira. Mais de uma vez a pessoa não veio na palestra, ficou envergonhada, humilhada e provavelmente depois precisou reconhecer que a questão passava longe do problema financeiro. Era orgulho em se submeter a refletir, mudar ou precisar de ajuda de alguém.

Já vi muitas pessoas  desconfiarem de palestras gratuitas ou simplesmente confirmarem presença e no dia se ausentarem. O que confirma a ideia de que o crescimento tem relação direta com compromisso. De um lado uma palestra boa é cara, mas impossível de pagar, de outro a palestra gratuita é ruim porque é gratuita.

Do mesmo modo já vi pessoas tão dedicadas na sua mudança que fizeram o possível para seguir num processo de autoconhecimento. Lembro de duas pessoas em especial, uma delas me dava quadros (lindos por sinal) para seguir na terapia, outra decidiu se dispor a limpar o espaço do consultório e assim trocávamos serviço com o melhor que podíamos. O brilho nos olhos era tanto que o dinheiro (ou a falta dele) não era o problema, mas aquilo que priorizava como necessário.

Solução? Prioridade, planejamento e escolha consciente pela felicidade. Por que desejar ser feliz é fácil difícil é pagar o preço necessário para que ela saia do papel e vire realidade.

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About the author

Sonhador nato, psicólogo provocador, apaixonado convicto, escritor de "Como se libertar do ex" e empresário. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas medita, faz dança de salão e lava pratos.

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