Comercial de margarina
Acho tão curioso como aqueles comerciais de margarina encantam e aborrecem tanta gente.
Inconscientemente eles nos remetes ao tipo de vida que gostaríamos de ter e que buscamos amostras grátis em resorts, hotéis e ferias.
Esperamos que tudo esteja preparado, limpo e ajeitado para que simplesmente desfrutemos do prazer da cama, mesa e banho.
Nesses comerciais vislumbramos um tipo de vida que não haja contratempo, indisposição, dor de barriga ou rejeição. Tudo flui.
De outro lado nos aborrecemos quando lemos textos inspiradores, biografias prodigiosas retratadas em filmes ou qualquer coisa que insinue que uma vida significativa possa ser vivida de verdade com algum esforço.
Diante do indicativo: “seja feliz” os amargurados bradam: “acha que a vida é igual comercial de margarina?”
Vejo isso e penso que tipo de felicidade essa pessoa imagina sem que implique um esforço continuo? Algo existe de comum em qualquer vida bem sucedida ou leitura motivacional: só é possível resultado efetivo com constância, persistência e repetição.
Isso atinge nosso ego preguiçoso e invejoso como uma flecha, gostaríamos de resultado fantásticos sem o mínimo de movimentação. No contato com pessoas bem-sucedidas vejo um tipo de obstinação incansável de quem toma muita bordoada e continua insistindo, remodelando, se reeducando e persistindo. Nada mágico.
De outro lado vejo aqueles que esbravejam sua infelicidade parados e tentando se convencer que a infância maculada, a falta de dinheiro ou recursos de qualquer espécie explicam por si só seus fracassos.
A raiva que surge ao ver historias de vida que começaram do zero é que escancaram nossa passividade mascarada de “eu faço tudo ao meu alcance”. Sabemos que naqueles minutos silenciosos e sem testemunhas exageramos em atitudes prejudiciais (saborosas e com pouco esforço) e passamos de lado daquelas que realmente impactam a vida (que dão um trabalho danado).
Provavelmente aquela pessoa que você admira e secretamente inveja está se debatendo com os mesmos medos que você e eu, a diferença é que ela assume 100% de responsabilidade pela própria vida.
Já nós, os admiradores/odiadores de vidas que fluem (potenciais margarinas) estamos choramingando o leite derramado e justificando que o bonde da mudança já passou faz tempo…
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Se você quer entender mais como não deixar esse bonde passar [clique aqui]