Há pessoas que no término doloroso ou numa perda significativa na vida (trabalho, pessoa querida) reagem como malucos eufóricos que querem soluções imediatas como se nunca pudessem lidar com medos e frustrações na vida.

Agem como mimados emocionais que jamais se submetem a uma impossibilidade ou quebra de expectativa. Talvez tenham sido mau acostumados por uma trajetória com poucas instabilidades, mas o contratempo chega para todos.

As crises ajudam as pessoas a encararem a vida sob outra perspectiva, menos autocentrada. Cada impasse é uma oportunidade para repensar sua forma de ver o mundo e tratar as pessoas, afinal somos experts para acusar e dizer que os outros são ingratos. Dificilmente vejo alguém que quer solução imediata olhando as coisas de modo lúcido, querem se livrar do desconforto como quem espanta um mosquito indesejável.

Tentar resolve tudo a qualquer custo a pretexto de não sofrer é só mais um sinal de que talvez surjam outras decepções no futuro relembrando que o ego vaidoso ainda grita por invencibilidade. Nessas horas só constato que esse desespero por solução só denuncia uma tentativa de reflexão suave, de quem consegue ver onde sua própria personalidade foi fonte de sofrimento e perturbação.

Somos humanos e vulneráveis e parte do processo de amadurecimento passa por essas quebras inevitáveis da vida. Poucos realmente sobrevivem calmamente e contemplando a dor com sabedoria.

Há quem nunca para e respira fundo e fuja da dor como o diabo da cruz. Mas fugir de contemplar a dor é a melhor maneira de perpetua-la.

Contemplar é olhar para a tristeza sem desassossego e respeitar o tempo de partida. Não somos máquinas e fast food não funciona no coração humano.