A incrível arte de emular!
* Texto de Juliana Baron Pinheiro
E lendo uma crônica de Francisco Bosco, “Não há sol a sós”, do seu novo livro “Alta Ajuda”, concluí que na verdade não existe a tal da inveja boa, como muitas pessoas costumam dizer. Pois assim como a tristeza é a imagem invertida da alegria, ideia essa pertencente ao livro “Ética” de Espinoza (mencionado por Francisco em sua crônica), o inverso de invejar, é admirar e não invejar “positivamente”.
Segundo Francisco, que fez uma análise terminológica das palavras, quando você inveja, você gostaria de estar no lugar daquela pessoa. Já quando você a admira, você gostaria de estar próxima a ela. Portanto, o que difere essas duas maneiras de enxergar o outro, esta no que você faz dessa sua observação. Na inveja, seria como se você observasse pessoas se exercitando, por exemplo, desejando muito ser como elas, mas estivesse sentado no conforto do seu sofá. Na admiração, você observa essas mesmas pessoas, mas ao invés de ficar apenas sentado, você analisa o que precisa fazer para ser como elas.
O autor afirma ainda em sua crônica, que “Não se inveja qualquer pessoa, nem tampouco todas as pessoas invejarão as mesmas pessoas”. Apesar de sermos quem somos, muitas vezes criamos uma autoimagem de nós mesmos. Imaginamos que gostaríamos de ser assim ou assado. E quando nos deparamos com alguém que possui as características dessa nossa autoimagem, essa pessoa se torna objeto da nossa inveja, ou admiração. Como eu disse anteriormente, tudo depende do tamanho da nossa força de vontade ao analisarmos esse outro.
Francisco, ao criticar o sentimento da inveja comparando-a com a admiração, a qual atribui um estado de superioridade, apresentou-me o conceito da palavra emular, que basicamente “designa a ação por meio da qual procuramos estar à altura do que reconhecemos como bom”. É você se movimentar a fim de alcançar e adquirir as qualidades identificadas no ser observado, ao invés de apenas ficar nutrindo aquele sentimento ruim de querer ser quem você não é, ou não promover mudanças que considera necessárias na sua vida.
Então, quem brinca dizendo que sente a tal da “inveja branca”, deve dizer que nutre uma admiração por alguém. Porque apenas invejar uma pessoa é usar o seu tempo de uma maneira completamente infundada e irracional, enquanto você poderia estar otimizando-o na busca de se tornar uma pessoa melhor, o mais próximo possível da projeção que fez através da sua autoimagem.
E como diz o velho ditado “A inveja só dói em quem sente”. Então, que tal sair desse papel de coadjuvante, assumir o comando da sua vida e praticar a incrível arte de emular? Garanto que não custa tentar.
Beijo beijo
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* Juliana Baron Pinheiro: formada em Direito, mulher, esposa e mãe, em eterna busca do seu autoconhecimento. Descobriu aos 26 anos que a vida inteira viveu praticamente num cochilo psíquico. Sempre amou escrever e hoje descobriu que essa é a sua vocação e o que quer fazer pra vida inteira. Dos inúmeros diários e textos escritos na sua antiga máquina de escrever, surgiu o seu blog. Que já mudou de nome, de endereço, de assunto, mas que nunca deixou de transparecer a sua mais pura essência. Das novas descobertas, através das terapias que faz e de um processo engrandecedor de coaching, escolheu começar Psicologia, pra compartilhar com outras pessoas, a maravilha que é, descobrir a si mesmo e o quanto tudo o que buscamos, esta logo aqui dentro de nós mesmos”. Escreve no seu blog “Juliana Baron Pinheiro” , no blog “Delicinhas de Pera” , no blog “As crianças” .