O chamado

“Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis” – Bertold Brecht

 

Em algum momento da sua vida você já teve algum impulso diferente que o inspirou a fazer algo maior do que pagar suas contas e atender seus próprios desejos. Alguns podem chamar isso de experiência religiosa ou espiritual, mas não entro no mérito da questão, vejo isso como um CHAMADO.

Cada um tem uma forma de receber o chamado

Esse tipo de experiência transpessoal surge por caminhos muito particulares e pessoais. Para alguns a música, outros a literatura, também aqueles que são tocados por viagens, encontros com pessoas diferenciadas por um magnetismo especial e inclusive chamados espirituais.

Depois de tocadas elas se sentem impelidas a reproduzir isso a outras pessoas, pois querem repassar aos demais como foram atingidas por uma flechada de um tipo de cupido existencial. Sua perspectiva de vida ganha um colorido diferente que passa a transpirar em suas atitudes como se você já não se pertencesse completamente.

Lembro que esse relâmpago me atravessou quando pensei em desistir de tudo, pois me sentia completamente desconectado e todos. Um livro me ajudou a olhar a realidade daquele momento de vida de um jeito diferente e me levou a não querer dedicar os meus dias só para mim mesmo. Eu senti ali que podia fazer algo para além de atender meus mimos de menino deprimido. Ainda não sabia que caminhos seguiria para poder compartilhar algo de mim, mas a aspiracão já estava instalada.

Conheci muitas pessoas assim e sempre sinto uma emoção diferente ao vê-las atuar. Independente se usam a música, a palavra, a ação, um trabalho ou simplesmente a presença chamo essas pessoas de xamãs.

Elas tocam a realidade de pessoas e despertam algo que estava oculto ou embrionário.

Muitos são chamados ao longo de sua vida e recuam por estarem condicionadas a seguir apenas o que a razão e a segurança pessoal traçam como garantia. Se acovardam em receios catastróficos de um futuro infrutifero e acabam traçando um destino para si mesmos numa certa apatia vital. Fazem o feijão com arroz e ficam como crianças de boca aberta esperando receber de todos, mas se limitam a isso (e reclamar de tudo como consequência). Essas pessoas ocupam espaço num mundo tão cheio de necessidades e caminhos e apenas atacam pedras na vidraça dos outros, mas não se movem ou constroem algo que impulsione ao melhor.

Respeito quem se coloca dessa forma, mas ao mesmo tempo procuro chacoalhar alguns convicções conformistas ou pessimistas para que se movam.

Grande parte dos problemas emocionais que muitos se veem perturbados nasce dessa perspectiva encapsulada em si mesmas cheias de carência e autocentramento.

Os que recuam ao chamado se alegam incapazes, pequenos ou impotentes para realizar algo grandioso. Essa é a voz do orgulho que só se movimenta se tiver que atingir multidões ou fazer uma revolução mundial. Esquecem que a revolução começa no gesto simples entre os seus. Sem idealismo ou promessas de ser um messias, arauto da verdade ou pregador de regras.

Os xamãs da vida cotidiana não precisam se arrogar poderes supremos, mas apenas a ousadia de romper com o egocentrismo que se acovarda no óbvio.

Não vejo esse chamado necessariamente apenas num líder de um movimento social, político ou religioso, mas também em pessoas anônimas que não se restringem a cumprir as regras, mas a acrescentar um tijolo.

Fazer isso um dia é simples, sustentar isso como lema de vida sem forçar a barra ou ser pedante é raro. Os xamãs não se autoproclamam, mas são reconhecidos

 

Certamente você que está lendo sabe quando esse impulso criativo bateu em sua porta e se deixou a vida fluir sob esse chamado ou se naufragou em medo. Nunca é tarde para retomar esse sonho e convertê-lo em realidade.

Conte aqui [clique] como foi o seu chamado e se seguiu nele ou não.

About the author

Sonhador nato, psicólogo provocador, apaixonado convicto, escritor de "Como se libertar do ex" e empresário. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas medita, faz dança de salão e lava pratos.

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