Comunicação a(e)fetiva
Grande parte dos problemas de relacionamento acontecem na troca de informações feitas pelo casal, a família ou nas relações profissionais.
Em essência o que buscamos é um senso de intimidade emocional com alguém para relaxar e florescer quem somos. Mas no meio do caminho nos perdemos e ficamos lutando por poder pessoal e isso cria uma desconexão fundamental que nos dá a sensação de isolamento, inadequação e infelicidade. Pessoas controladoras costumam perder o gosto pela viagem emocional no contato com as pessoas porque estão presas em fórmulas e vontade de dominação.
Será que o estrondo emocional que fazemos na superfície (que chamamos de relacionamentos pessoais) é efetiva ou é uma forma de manter tudo bem longe de nosso coração?
A comunicação a(e)fetiva traz essa leveza e profundidade para os diálogos, pois ao mesmo tempo que é efetiva ao tocar o outro ela é afetiva ao expressar algum tipo de afeto como raiva, medo, tristeza, amor sem perder a empatia com os demais.
Nossa comunicação é muito cheia de ruídos, pois não conseguimos expressar emoções difíceis sem ferir e contra-atacar quando na realidade estamos machucados, querendo cuidado e proximidade. Vivemos num mundo de pessoas defendidas emocionalmente, portanto a comunicação a(e)fetiva tem o objetivo de se comunicar a partir da própria vulnerabilidade como uma força pessoal e não uma fraqueza.
A ideia é evidenciar a vulnerabilidade do que se sente de forma despojada e corajosa para criar comunicação e atingir o ponto e não mostrar quem é que manda. Essa comunicação não se circunscreve ao marido, amante, namorado, mas ao pai, a mãe, a amiga ou o sócio, mas qualquer um.
Comunicação a(e)fetiva, não é uma caricatura, mas princípios básicos de comunicação que incluem: assumir para si o que se sente diante de certas situações sem acusar, atacar, vitimizar, culpar ou reclamar, mas expressar com consciência algo que aproxime as pessoas e não crie distanciamento. Com tempo de treino a frase sai mais curta e no entanto sai de forma que aproxime…
Para os controladores de plantão essa fala soa fraca ou ineficaz, mas o ponto não é funcionar e sim estabelecer uma comunicação limpa pelo menos da parte de quem emite para não gerar ruído. Não é sair vencedor da conversa, é tirar a necessidade de haver uma verdade final e evidenciar a realidade emocional presente. Se o objetivo de nossas relações é criar conexão e intimidade com as pessoas que amamos não faz sentido pensar em termos de funciona/não funciona…
Com o tempo você vai conseguir falar sem aquele tom ardido e cheio de raiva e acessar os outros imediatamente só com um toque, porque a intimidade e a cumplicidade já estarão embutidas na comunicação.
Será que somos capazes de operar com a guarda baixa e sem o controle de tudo?
Os barulhos, sons, falas e movimentos que produzimos em sua maioria são formas sutis e socialmente aceitas de não-comunicar o que está submerso de lindo ou doloroso.
Só as pessoas de personalidade madura conseguem efetivamente se comunicar a partir de suas fragilidades. As pessoas mais infantis assumem dramatizações, agressividade e comportamento estereotipado.
A regra é simples substitua acusação, culpa ou dedo apontado (que distancia e desconecta as pessoas) por falar em primeira pessoa, e comunicar um sentimento associado a uma situação perturbadora (que aproxima mesmo que haja um sentimento difícil envolvido).
O que distancia: “Eu odeio você”
O que aproxima: “Eu me sinto triste e distante quando você age dessa forma comigo.”
—
O que distancia: “Para de olhar para aquela vagabunda”
O que aproxima: “Quando você olha para aquela mulher com brilho nos olhos eu me sinto diminuída e com menos valor para você”
—
O que distancia: “Para de acelerar o carro que nem um louco”
O que aproxima: “Quando você dirige acelerado eu me sinto acuada e desprotegida ao seu lado”
—
O que distancia: “Você é maluca”
O que aproxima: “Quando você grita e muda de opinião sem me explicar os motivos eu me sinto confuso e frio com você e sinto o impulso de me afastar mais ou tentar explicar racionalmente cada passo e só piora.”
—
O que distancia: “Não fui eu”
O que aproxima:“Quando você descobre algo que fiz de errado e me aponta furiosamente sinto pouca vontade de compartilhar realmente com você o que acontece comigo.”