Casal cuti-cuti

Qual a sua sensação quando vê o vídeo abaixo?

Você já deve ter convivido com esse tipo de casal que fala como criança. Alguns sentem vergonha alheia, principalmente quando eles não se reservam o direito de fazer essas demonstrações em público.

Não quero quebrar o barato dessa rotina cuti-cuti, mas tentar explicar porque os personagens Max e Ivana da novela “Avenida Brasil” encarnar um tipo curioso de dinâmica (bem comum) que existe entre alguns casais.

Aposto que ela está falando "Nhu-nhu-nhu"

 

Relacionamentos são desafiadores de uma forma geral, porque confrontam nossos desejos, ambições e capacidades psicológicas. No convívio íntimo é que nossas limitações e virtudes são evidenciadas.

Nessa hora as vulnerabilidades ficam à flor da pele.

O casal cuti-cuti em especial manifesta um tipo de expressão emocional infantilizada, particularmente no momento de intimidade sexual ou afetiva. É como se a expressão dos sentimentos mais profundos exigisse um tipo de abertura muito difícil  em que a pessoa recorre à uma ação defensiva ou uma máscara de infantilidade.

Porque ao dizer “eu te amo” uma pessoa não pode dizer em tom adulto e precisa falar “criancês”?

Lembram do Cebolinha da Turma da Mônica quando ele falava tudo “tlocado”? A sensação ao ouvir ele falar é de uma criança que ainda não saiu da infância mais profunda.

Imagine um adulto que não consegue expressar os seus desejos sem usar o recurso da infantilização. O que está por trás desse receio? Muitos que falam como bizunguinhos e usam tudo no diminutivo vão questionar que não tem receio de nada, então por que não fazem um teste e param? Um vício se evidencia quando temos que interromper o uso.

Uma mulher ou um homem que usam esse recurso parece que tem algum tipo de dificuldade em associar o desejo com uma expressão adulta. Como se o amor fosse uma coisa e o desejo sexual outra e ambos incompatíveis.

O que está acontecendo quando um adulto evoca a imagem de uma criança para incitar tesão? Uma cisão entre o mundo puro, inocente, gracioso e sem malícia da criança e o mundo adulto do carinho, desejo, tesão e sexo maduros.

Num caso que a mulher fala como criancinha para pedir carinho, atenção e tesão do parceiro ela na realidade tem um receio subliminar de agir como uma mulher madura que assume todas as consequências de si mesma. É como se ela estivesse evocando o pai não o homem. E o parceiro que corresponde de alguma maneira alimenta essa dinâmica esquizo-afetiva de mundos que não se tocam. Ele quer assumir o papel do pai que está no controle da identidade daquela mulher. O seu próprio desejo é imaturo, pois se excita com uma mulher que se mostra frágil e vulnerável como uma menininha de 5 anos.

Essa fixação linguística do amor denuncia a dificuldade que muitos tem em assumir o amor como uma realidade madura e não uma relação de dependência e passividade inocente.

É curioso como muitos homens tem em casa a mulher cuti-cuti para exercitar a paternidade amorosa imbatível dele e depois saem com a mulher (ou sustentam uma fantasia) que geme e fala de verdade, com força e ímpeto de mulher, sem nenhum nhuco-nhuco.

Para aqueles que se indignaram e acharam exagero e que estão longe de ser como o Max e a Ivana da novela se coloquem à prova desse vício emocional, lanço o convite: 10 dias sem bizunguices… Se quiser, depois volte a fazer, mas notará algo diferente em você.

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About the author

Sonhador nato, psicólogo provocador, apaixonado convicto, escritor de "Como se libertar do ex" e empresário. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas medita, faz dança de salão e lava pratos.

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