Ela disse que só quer ser minha amiga…
Já recebi muitos pedidos para falar desse assunto. Friendzone, porque certos relacionamentos nunca avançam da amizade para um namoro?
Os homens ficam desesperados quando tentam algo com uma garota e ela simplesmente não dá uma resposta definitiva, mas usa aquela frase clássica “você é uma pessoa incrível, mas só vejo você como amigo”.
Depois de dois dias ela fica com um cara, namora e casa. Ele se pergunta porque raios sempre é deixado de lado e nunca é visto como O CARA.
Vou tentar explicar, afinal de contas passei dos meus 11 anos até os 21 sendo o melhor amigo de todas garotas pelas quais eu era apaixonado. Era um lamento só, pois eu ficava esperando algum tipo de resposta mágica que me tornasse o eleito da vez. Isso só foi acontecer quando minha primeira namorada (até então minha amiga) viu algo diferente em mim e começou a manifestar outras intenções. Finalmente alguém havia reconhecido o meu valor.
Depois de passado muito tempo vi vários amigos e pacientes cairem nessa “maldição” do melhor amigo que nunca desempaca.
Durante muito tempo eu pensei que as garotas acabavam ficando com o garoto mais bonito e esse não era o meu predicado na época. Notei que elas ficavam com garotos que nem eram tão bonitos, mas tinham alguns atributos que eu não tinha.
– Atitude: eles tinham uma força física, psicológica e/ou social que os deixava aptos em alguma coisa que o destacavam da massa. Eu era apático, sempre esperava tudo acontecer para que alguém me reconhecesse no meu silêncio medroso.
– Iniciativa: eles não ficavam perguntando se podiam falar com as meninas, eles falavam e arriscavam o pescoço. Eu ficava acuado nas minhas fantasias onde tudo dava certo sem nenhum esforço ou risco. Na realidade eu é que queria ser o centro das atenções delas sem fazer nada para merecer isso.
– Bom humor: eles não se levavam tão à sério e por isso agiam de forma descontraída e conseguiam até quebrar o excesso de sisudez de alguma menina mais esnobe. No fim elas acabavam não aguentando e cediam à uma risadinha. Eu me achava secretamente superior à eles por ser um bom garoto e acreditava que não deveria rir ou achar graça de outra pessoa. Eu confundia respeito com cara fechada.
– Assunto: eles sempre inventavam um assunto, uma história, um “causo” que entretece as conversas. Falavam de qualquer coisa que pudesse levar uma conversa para bons lugares que interessassem as gurias. Eu estava desconectado do mundo, fechado em minhas ideias, não estava realmente aberto para trocar papo desinteressado e por ser covarde eu nunca ia além da barra da saia da minha mãe e dos meus amigos tão fechados quanto eu. Fora a minha tendência a mergulhar junto com elas em seus assuntos femininos na esperança de que fossem me ver como um cara interessado em tudo o que elas falavam. Na maior parte das vezes os caras falavam de temas desconhecidos delas e mesmo assim o assunto fluia.
– Safadeza: malícia era o prato principal deles, e nunca perdiam uma oportunidade de olhar, falar e mexer com elas de um jeito faceiro. Eles até podiam não tirar nenhuma casquinha, mas pelo menos arriscavam e se divertiam. Enquanto isso eu fantasiava que eles altamente treinados na arte de dar muitos beijos enquanto eu sequer sabia como começar a beijar. Mesmo que eles não soubessem de nada eram bons em fingir. Essa habilidade de exagerar um pouco as coisas é valiosa quando não se tem experiência de nada.
– Vida intensa: eles nunca estavam parados esperando a vida acontecer. Estavam sempre inventando moda, saindo para muitos lugares, conhecendo pessoas e interessados em explorar novos territórios. Eu estava sempre acuado, fechado nos meus livros ou no computador idealizando a vida perfeita e invejando aqueles que tinham ido à luta de verdade.
Isso impactava a forma como eu agia de modo geral, sempre aflito se iam gostar ou não de cada movimento que eu fazia. O resultado era que eu acabava aprisionado em mim mesmo incapaz de dar um passo para fora do mundo conhecido: nenhum.
– Confiança em algum atributo pessoal: nem todos eram exibidos, mas grande parte deles sabia que sabia muito bem alguma coisa, seja conversar, fazer amigos, jogar bola, ser o mais esperto, o mais inteligente, o líder. E eu? Nunca reconhecia nada em que eu fosse bom e ficava esperando algo cair do céu como se fosse mágica. Não corria atrás de verdade.
– Leveza: é possível que sem pais muito severos, que criticam e exijam perfeição ajudasse muitos deles a não ficar paralisado com seus erros. Meus pais não eram militares, mas eu era, sempre preocupado em causar boa impressão acabava não me mexendo para nada.
Em essência eu estava tão preocupado com elas que não reparava em me desenvolver pessoalmente e realmente ser feliz. O que os caras “legais” não entendem é que eles querem agradar para serem reforçados em suas fantasias de herói vitorioso, nada mais que isso. As mulheres espertas não caem nessa barca furada. Elas querem um adulto que pode manter a leveza de um menino mas assuma o risco de ser um homem e não um menino que finja ser homem sem assumir risco nenhum. Se ele não dá conta nem dele vai dar conta daquela mulher cheia de pretensões na vida e receios variados?
Resultado: você sempre será o bom amigo. Só amigo, mais que isso fará você fazer xixi nas calças.
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