Eu sou maluco? – Depressão
Falar sobre esse assunto é fácil: já tive depressão, foi bem custoso sair disso, mas sai, estou vivo.
A depressão é considerada a doença do século e vou tentar explicar como vejo isso conectado com a fase de maior individualismo da história.
Ela é caracterizada por rebaixamento do humor, torpor e perda de vitalidade que se manifesta no plano físico, psicológico e existecial. Não é uma tristeza passageira e nem um abatimento diante de uma perda significativa.
A depressão vem associada a uma baixa de autoestima, sentimentos terríveis de culpabilidade ou até de ser indigno de felicidade. No corpo pode vir acompanhada de dores e cansaço inexplicáveis, perda ou aumento de apetite, libido e sono.
De forma geral essa doença debilita a pessoa em sua capacidade de sentir prazer e se entusiasmar pelos acontecimentos à sua volta.
Esses sintomas podem se apresentar numa intensidade leve, moderada a grave. As vezes podem vir acompanhados por pensamentos suicidas ou por sintomas psicóticos como delírios de ruína (pensamento imutável de tudo vai dar errado não importa o que a pessoa faça) ou alucinações.
A depressão na infância pode se manifestar em forma de abatimento, irritabilidade, dificuldade de concentração e até problemas físicos como dores de cabeça e problemas gastrointestinais.
Na adolescência a depressão pode vir mascarada por gostos bizarros, filosofias niilistas, culturas góticas ou seitas obscuras. Como é uma fase que a pessoa está se remodelando a depressão faz com que ela se identifique com expressões culturais que enxergam o ser humano naquilo que ele tem de pior.
A associação entre medicamento e psicoterapia são recomendadas.
A aparente visão do depressivo como alguém frágil ou incapaz pode ser um engano.
Todos nós vivemos movidos por sonhos, esperanças e expectativas sobre uma vida boa e feliz. Algumas conseguem encarar os revezes de uma maneira mais realista. Outras nem tanto. Sua rigidez e intolerância com desagrados é tão grande que ela não se permite sair do prumo. Não admite que os contratempos cruzem o seu caminho.
Seu narcisismo é tão intenso que se recusa a participar do jogo da vida se não estiver sempre por cima. O deprimido nunca admitirá isso, mas é competitivo e invejoso.
Agora imagine uma pessoa assim privada de seus brinquedos favoritos. Na infância ela podia gritar, deitar no chão e fazer birra, os pais iriam atendê-la imediatamente. Quando adulta o cenário é outro e por esse motivo se vê paralisada por suas frustrações, incapaz de articular respostas criativas e produtivas.
A depressão é o mecanismo de defesa que ela encontra (inconsciente e não intencional) para se relacionar com a realidade.
Começa a acusar a si mesma e desprezar o mundo que a magoou e quebrou seus sonhos encantados.
Essa acusação pode esconder um grande ódio das pessoas, além da ideia tóxica de ser alguém especial.
No momento em que consegue abandonar o sentimento de privilégio existencial talvez consiga ter alguma chance de superar a depressão.
Coisas para se pensar:
- Ninguém tem obrigação de retribuir o seu amor.
- Nada vai mudar se você não mudar.
- Acusar a si mesmo não altera o fato de que você está passivo diante da sua vida.
- Deixar de pensar nos problemas não os faz desaparecer.
- Se afastar das pessoas não vai poupar você de mais dor, ao contrário, perderá grandes oportunidades de ampliar sua visão de mundo.
- Leia tudo o que puder abrir sua mente para visões menos derrotistas e egocêntricas.
- Admita que você é mimado.
- Pare de esperar que os outros resgatem você de sua autopiedade.
- Desistir não é a melhor saída, isso é preguiça.
- Mesmo que tenha que se arrastar aja.
- Assuma que tem medo de mudar como pessoa e encarar a vida com mais maturidade.
- Não espere condições ideais para que você mude.
- Deixe sua necessidade de ser reconhecida de lado por um tempo.
- Aceite que as frustrações, decepções e desenganos são resultados de sonhos que você projetou nos outros sem ao menos comunicar o que realmente queria.
- O mundo não é um berçário que atenderá seus desejos. Se quer algo de verdade, vá atrás!
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