Como Acabar com o Amor
Todo mundo já deve ter notado que os casais mudam com o passar do tempo. [Leia mais] Até que o status de relacionamento se faça presente o casal tem um tipo de tratamento mútuo que confere características bem sóbrias, maduras e um tipo de olhar desprendido.
Ele olha para a garota que ama como um ser humano cheio de possibilidades e se apaixona por cada um dos caminhos que ela irá percorrer. Se alegra de coração por saber que ela terá uma pós-graduação na França e que aquilo irá abrir portas para a carreira de design dela.
Ela o olha com admiração toda vez que ele consegue fechar um negócio ousado que demanda uma atenção meticulosa e reuniões que nem sempre terminam nos horários mais adequados para um namoro. As perspectivas de conquistas ousadas alegra a ambos que sempre comemoram quando um bom acordo comercial é fechado. Se ele vai fazer sua aula habitual de guitarra ela acha adorável e se encanta com o dom musical que ele manifesta.
Eles conseguem se olhar mutuamente como pessoas e saber a hora certa de impulsionar o melhor que possuem.
Mas algo acontece no meio do caminho que esquecem disso.
Na hora em que ele deseja transar com ela se esquece que ela é aquela mesma mulher que meses ou anos atrás precisa de um carinho especial para ficar aquecida. Que talvez valesse a pena bater um papo, tocar a guitarra, distraí-la dos seus pensamentos confusos antes de abordar seu corpo.
Quando ela vai marcar uma viagem ela se esquece de consultar a agenda dele e perguntar se ele se alegraria em passar bons dias na praia com ela. Afinal, sabe que tudo o que ele faz tem um lado de realização pessoal que o anima para oferecer o melhor que puder para ela.
O tempo acomodado e o sentimento de posse parece que faz o casal perder a memória de quem são e do que esperar um do outro.
Focados no próprio umbigo evocam o outro para aquilo que interessa individualmente.
Ele perde a capacidade de olhar a sua esposa para além do casamento.
Ela perde o olhar atento de vê-lo como um homem antes de marido.
Essa cegueira os impede de seguir adiante com qualidade porque já estão se relacionando com um personagem. Perderam a espontaneidade e a capacidade de agir com impulsos imprevisíveis.
Se ele usa um tom diferente na fala é repreendido e se ela manifesta uma vontade incomum é acusada de algo.
Isso abafa as individualidades sob o pretexto de exaltar o amor.
Ele já não tem uma foto pessoal no perfil do Facebook, virá casal futebol clube. Eles sequer manifestam o desejo de ter identidade própria, pois acreditam que isso ofenderia a sensibilidade do outro. Começam a metamorfosear sua personalidade em “favor” do outro.
Depois de um tempo sentem que estão de posse de um documento que dá propriedade vitalícia à liberdade e alma do parceiro.
Se isso não fosse curioso, seria trágico.
Comum? Mais que isso, unânime.
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