Compulsão sexual
Você já reparou em algumas vezes que transou que no fundo não queria ou não estava no pique?
Pois vou revelar uma coisa simples e pouco comentada, por ser desconhecida.
Muita gente transa mais por tédio e angústia do que por tesão. A diferença é simples é como a fome e a gula.
A fome faz você comer por uma necessidade biológica de saciedade física de nutrientes e um prazer sensorial. É algo tão visceral que sente o corpo pedindo, a cabeça vai se modificando e seus pensamentos seguem na direção de um alimento específico.
Na gula é o oposto, você come indistintamente e desgovernado, o mais importante é sentir que a boca está cheia e o estômago empanturrado. É algo voraz e insaciável. Nada é o suficiente e o resultado é um mal-estar que não passa mesmo comendo muito. O resultado é acompanhado de uma tristeza meio entorpecida.
O mesmo acontece com o sexo.
Muitos homens e mulheres não sabem diferenciar tesão de angústia sexual.
O tesão é como a fome, surge gostosamente como uma tensão agradável que conecta você à alguma pessoa e entra em suas fantasias de maneira natural sem aflição ou angústia.
A angústia sexual é uma necessidade urgente de saciar um vazio, um incômodo, uma aflição, como se fosse um remédio para febre, mas que não alivia a doença.
O resultado desse tipo de transa é que ele se torna cada vez mais inútil. Como uma droga que vai perdendo a potência com o passar do tempo a pessoa precisa de doses cada vez mais altas para ter alguma reação. Mesmo assim não é o suficiente.
Quanto mais transa menos fica satisfeita e se comporta como se tivesse um buraco negro emocional.
Com o tempo a própria qualidade do sexo vai tomando outros formatos e varições de frequência e intensidade que beiram o bizarro. Não há limite para esse tipo de procura desenfreada.
São pessoas que tem uma mente muito concreta e não sabem captar com precisão seu estado emocional, digerir ou solucionar conflitos interpessoais e dar andamento em temas complexos na sua vida. Todo o conflito precisa se converter em uma ação irrefletida.
Internamente guardam a imagem de si mesmos como verdadeiros atletas sexuais quando na realidade são compulsivos por sexo. Pessoas doentes que se tornam reféns de seu próprio desejo. Já não são pessoas que desejam, mas são desejos que “pessoam”. São zumbis sexuais em que o gozo não goza, fica sempre interrompido como uma comida intalada na garganta. É um gozo que asfixia e suspende o prazer num limite intocável.
O compulsivo é assim, não consegue mais não fazer algo e está escravo da própria ação. Caso não faça sexo o resultado é uma angústia sem nome que corrói as entranhas como uma lombriga insaciável instalada no genital.
Esse tipo de pessoa dificilmente procura ajuda, porque vivemos numa cultura sexualizada que valoriza os ícones de intensidade sexual. Passar horas fazendo sexo ou em busca dele é algo digno de aplauso e desejo. Que homem não gostaria de ter ao lado uma ninfomaníaca? Que mulher não gostaria de ter um atleta que lhe proporcionasse orgasmos múltiplos?
Mal sabem que convivem com pessoas doentes…
Doentes que precisam de ajuda para em algum momento da sua vida voltar a ter o sentimento de que chegaram em casa, podem descansar e criar uma conexão verdadeira com uma pessoa que amam.
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