Toda Mulher tem um Amante
Sim, toda mulher tem um amante.
Ninguém precisa dizer que as mulheres são um pouco mais inclinadas a viver com imaginações ideais sobre a realidade.
Adoram o mundo dos sonhos, imagens, cores, lugares e se deliciam com tudo aquilo que remeta a um mundo mágico e cheio de encanto.
O mesmo ocorre nos relacionamentos amorosos. Apesar de namorando, casada, enrolada ou juntada toda mulher tem um amante. Ainda que imaginário, mas ainda assim, um amante.
Ela está casada com o João, homem honesto, trabalhador, dedicado aos filhos, afetuoso, mas não muito estudado e as vezes um pouco rústico. Maria, casada com ele há 26 anos tem um amante há 25 anos e 7 meses desde a primeira vez que João se mostrou um pouco limitado intelectualmente. Naquele momento ela pensou, bem que o João poderia estudar um pouco mais. Ali nasceu o amante.
Maria passaria a comparar o João real com aquele amante super-intelectualizado e ávido leitor de livros diversos.
Depois de fantasiar momentos passados em livrarias e bibliotecas, Maria nunca mais olharia para o João real com o mesmo desejo que no primeiro dia de namoro. O casamento deles estaria marcado por essa mancha.
Esse tipo de amante é muito comum. Obviamente que não é exclusividade da mulher. Isso só foi uma provocação.
Grande parte dos relacionamentos sofre de um tipo de mal-estar silencioso que ninguém gosta de confessar, mas está presente como um Grand Canyon entre os pombinhos: a idealização amorosa.
Insatisfeito como somos caminhamos sobre duas realidades, aquela que os sentidos alcançam e costumam nos entendiar e outra que é uma versão fantástica e emocionante da primeira. Não preciso dizer que em função da realidade fabulosa a real se torna um tédio né?
Brigas inúmeras acontecem porque a realidade mais imediata frustrou as fantasias. Ele deveria ter vindo com flores e veio com mau humor (será que era mau humor ou um cansaço?). Ela deveria ter vindo mais decotada e veio com cobranças desagradáveis (cobranças ou um desabafo despretencioso?). Ele deveria ser mais alto e ela menos falante.
Cada um vai tentar adequar seu par na fantasia.
Na mitologia grega existe um personagem chamado Procusto que infligia à suas vítimas mulheres a seguinte tortura: se ela coubesse em sua cama sobreviveria, caso contrário seria ajustada. O resultado óbvio era que as menores eram esticadas até o suplício final e as maiores eram mutiladas até a morte. Nenhuma mulher se ajustava àquela cama.
Então se você não deseja ter o mesmo fim solitário que Procusto talvez seja o momento de deixar seu amante bem longe do ármario de sua imaginação e começar a embarcar numa jornada de construção emocional significativa que tenha como base a pessoa que está ao seu lado de fato.
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