Eu estou maluco? Transtorno Bipolar
Todo mundo que eu conhece adora dizer que é meio bipolar, as pessoas de signo de gêmeos, então…
Mas o que as pessoas dizem é que sentem que tem dois tipos de impulso e que oras estão de bom humor e dispostas e oras mau humoradas e azedas. Isso não tem nada a ver com o quadro de bipolaridade, tem mais cara de mimo e charminho do que outra coisa.
O Transtorno Bipolar é um quadro bem delicado no roll das psicopatologias. Ele é caracterizado por ciclos (períodos de horas a semanas) de um quadro depressivo (de leve a grave) que se altera com um quadro de mania (moderada a grave)
A depressão vocês já conhecem, pois é bastante falada, mas vou falar sobre a mania.
A mania é caracterizada por um estado de euforia, agitação, pensamentos acelarado e sentimento de grandiosidade e onipotência.
O comportamento da pessoa com acessos de mania é constrangedor, inconveniente, irresponsável e grande parte das vezes impulsivo. Em algumas ocasiões essas pessoas podem ser extremamente agradáveis e sedutoras pelo fato de viverem a vida no seu limite e de forma muito intensa.
Normalmente é um quadro fácil de ser diagnosticado pelo médico psiquiatra e costuma ter grande melhora com o uso de medicamento. Costuma ter antecedentes genéticos na família por parte do pai (estudos ainda não conclusivos). Mas o grande problema é que a maior parte dos portadores de Transtorno Bipolar não querem ser tratados, afinal quem não gostaria de viver como se hoje fosse o último dia de suas vidas da maneira mais intensa possível?
Para os familiares essa é uma doença que pode causar grandes confusões, pois no caso dos mais jovens, podem apresentar comportamento agressivo e até invasivo onde estiver. Pelo fato de se sentir sempre eufórico e “feliz” a pessoa pode falar mais do que deveria, se intrometer em assuntos que não lhes dizem respeito e não aceitar nenhum tipo de regra estabelecida. Por essa razão tem dificuldade de permanecer num emprego fixo, se engajar numa tarefa que seja longa ou manter um relacionamento amoroso (ou amizade) por muito tempo. O gasto compulsivo é comum e pode fazer a pessoa criar dívidas enormes e até problemas com a justiça. Os familiares é que costumam remediar os problemas causados pelo doente, quando não buscar uma ajuda mais direta com internação psiquiátrica.
O convívio com essa pessoa é bom por curtos períodos numa festa ou evento social, afinal ela é sempre disposta, bem humorada, engraçada e animada, mas passar mais tempo com ela é altamente desgastante, pois a sensação é que você convive com uma eterna criança vívida e carismática, mas inquieta e exaustiva.
Tudo é demais emocionalmente e qualquer coisa a entendia.
Se a pessoa é adulta e está num relacionamento estável e com filhos isso pode ser bombástico, afinal como manter as responsabilidades financeiras com alguém que nunca pensa no amanhã?
Essa pessoa pode ser extremamente perigosa para si mesma, pois tende a subestimar os perigos sociais e físicos e se expor em situações de risco como dirigir indevidamente ou beber descontroladamente.
De tempos em tempos toda essa intensidade é ofuscada pelo quadro depressivo que costuma ser arrasador. Ela sai daquela vida cheia de brilho, se esconde do mundo e se fecha num mau humor e irritabilidade apática. Alguns tentam o suicídio nessa fase, outros esperam a fase de mania porque não tem forças para nada na depressão. Depois de um tempo o quadro de mania volta (costuma ser disparado por exaustão física ou longos períodos sem dormir) e um novo ciclo começa.
A maior parte dos estudos revela essencialmente uma base orgânica dessa doença, outros teóricos alegam que a fase de mania é uma defesa contra a depressão.
O tratamento psicoterápico é indicado para que a pessoa consiga reconhecer os períodos de alteração do humor (as vezes a pessoa não entra em depressão nunca). De forma geral é trabalhado a dificuldade da pessoa se adaptar à uma vida sem aquela sensação de grandiosidade e agitação e aceitar que pode ser arriscado viver sem o tratamento medicamentoso. Pelo próprio aspecto da doença a pessoa costuma manter resquícios de um comportamento mais mimado, presunçoso e impetuoso que devem ser trabalhados na terapia.
Quando a pessoa adere ao tratamento adequadamente pode ter uma vida como qualquer outra. Prova disso é uma psicóloga americana chamada Kay Jamison que possui o quadro de bipolaridade e se tornou uma das maiores autoridades no assunto e publicou um livro que eu recomendo chamado “Uma mente inquieta”
Cena do filme Mr. Jones com Richard Gere que conta de um homem que tem o Transtorno bipolar. [clique aqui]
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