Masturbação feminina e seus tabus
Essa semana levantei uma lebre sobre masturbação feminina que já queria ter feito há muito tempo no meu Facebook e tive adoráveis e terríveis surpresas. E como aos sábados o assunto do blog é sexo quero falar do meu espanto.
A adorável é que o sexo é uma fonte linda de satisfação e desenvolvimento psicológico que as pessoas podem aproveitar em casal ou sozinhas.
O terrível é que as mulheres ainda tem dificuldade de assumirem que se masturbam. Mais terrível é que algumas sequer o fazem.
O tabu do desejo feminino livre é antigo e ainda prevalece hoje em tempos em que o feminismo fez lindas conquistas pelo livre direito de expressão da mulher.
Mas uma coisa é a ideologia feminista e outra é o que de fato acontece na realidade. Gostando ou não as mulheres ainda são machistas com seus desejos.
Assumir que se masturbam é declarar que sentem e exercitam o seu desejo sem um homem. Isso faz com que tenham medo de serem vistas como vagabundas, fáceis, vulgares, taradas ou insaciáveis. Afinal, a mentalidade popular admite sexo só com o parceiro, mais que isso seria perversão.
No batepapo algumas chegavam a falar que os homens estariam só de olho na conversa como carniceiros para saber o que elas tinham a dizer sobre seus desejos secretos. Sim, estavam mesmo, mas com um único objetivo, ter aquela sensação de ouvir o que elas tanto conversam no banheiro e saber os seus segredos íntimos do prazer de uma mulher. Saber aquilo que nenhuma delas admitiria ao seu parceiro por temer ser vista como uma devassa sem coração.
O fato é simples: sim, mulheres tem desejo. E muito desejo. Tanto quanto um homem poderia ter, tão vivo e pulsante.
Mas porque isso é motivo de tanta curiosidade por parte dos homens e tanto segredo para as mulheres?
Acho que no fundo poucas pessoas realmente se relacionam bem com a liberdade e o descontrole que o prazer sexual proporciona.
Somos uma sociedade pautada pela exigência, pela prisão e pela certeza. O gozo é absolutamente fortuito, desestruturante, imprevisível e por isso mesmo perturbador.
No imaginário popular a ideia de sexo intenso e gostoso não combina com mulher respeitável. Sexo solitário então nem se diga.
Recebi alguns emails depois da discussão do Facebook que foram bem legais. Mulheres se declarando adeptas do chuveirinho, de massagens com óleo, com sessões de masturbação diárias, as vezes mais que uma vez ao dia. Elas se diziam motivadas por todas as razões possíveis, para desestressar, para gozar, para se conhecer, para se ousar, para experimentar em qualquer lugar, seja depois de uma reunião de trabalho cansativa no banheiro da empresa. O importante é que podiam estar com seu corpo como quisessem, sem medo de ser feliz. Vibradores, desodorantes, pepinos, acompanhadas de filmes pornôs, fantasias várias, músicas de todos os tipos (até ópera) e cheiros, lembranças, enfim tudo valia. Acho lindo isso!
Algumas me confessaram que não se sentiam bem ao se masturbar, outras que se sentiam culpadas tendo prazer sem o marido.
Felicidade é coisa “séria” e quando vejo que ainda somos bem temerosos de sentir que somos livres (inclusive para o prazer) eu fico com receio de me perguntar por quais caminhos estamos seguindo.
Estamos engessados em regras que não nos dizem respeito e por medos que já não se justificam.
Deixamos que o certo substituísse o feliz.
Que o justo substituísse o agradável.
Que a verdade substituísse o bom senso.
Que o destino substituísse a viagem.
Que a moral substituísse o prazer.
Esse texto é um manifesto à favor da vida e do prazer que uma mulher pode ter sexualmente, com alguém ao lado ou seu não.
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