Você abandonou a criança que existe aí dentro
Onde foi que perdemos a nossa pureza, alegria, espontaneidade, capacidade de entrega e viver de forma mágica, transformando tudo o que tocamos em ouro?
Um dia toda criança cresce e ela irá passar pela metamorfose mais dolorosa. Aquela pureza e encantamento inicial cede lugar à um olhar mais “realista” e complexo do mundo que a cerca.
Nessa travessia muitas coisas acontecem.
Perdas sucessivas de sonhos, fantasias que nunca se cumprem, desejos não atendidos e uma série de sentimentos que vão sendo enterrados sem que se queira ou perceba.
Pequenos ou grandes traumas podem chegar próximo daquela pessoa pequena e que tem poucos recursos para se defender.
A natureza foi sábia ao dar grandes olhos e um belo sorriso banguela aos bebês. Eles são tão graciosos pela qualidade de pureza que possuem. Com o passar do tempo começam a passar por um crivo terrível de qualificação até a vida adulta. Você tem o direito de ser feliz?
Finalmente perdemos a inocência. Passamos a associar tudo aquilo que é vulnerável ou emocional como simbolo de fraqueza. Nos tornamos racionais e práticos. Queremos fatos e números, sem emoções.
A possibilidade de viver espontaneamente, conectados àquela fonte interna de realização se vai de um momento para o outro.
Ficamos desconfiados, céticos, cínicos, duvidosos das intenções dos outros.
Aquela criança que foi ferida pela realidade dura passa a ter medo de tudo.
Algumas pessoas alegam medo de se machucar e por essa razão se fecham. Ao se fecharem perdem de vista o outro. Ao perderem de vista o outro ignoram o que se passa em seu mundo. Ao ignorar o mundo do outro o machuca. É a roda da escassez gerando dor ao tentar se proteger dela.
Quanto mais tentamos proteger a criança interior da dor, mais provocamos dor nos outros.
Mas por que o resultado é esse?
Porque quando colocamos um caminhão de exigências entre nós e os outros para nos relacionar estamos protegendo a criança da maneira errada.
Quem convive com criança pequena já deve ter presenciado a seguinte cena. Você está no parquinho com a criança e percebe que ela quer brincar com outra, mas você como adulto acha inadequado brincar com o filho daquela outra pessoa. A criança não percebe o motivo pelo qual não deve ir. Para ela crianças são crianças. Para os pais adultos não. Se ela for feia, pobre ou melequenta isso é um problema. Para a criança basta ser criança, elas se entendem.
Para nossa criança interior também, ela só quer brincar de ser feliz com os outros, mas quando impedimos que ela se relacione por questões racionais e práticas acabamos machucando a nossa criança e a do outro.
O desejo delas é de brincarem e interagirem, e quando você, “adulto sábio”, as impede elas são feridas. E ferem.
Tudo o que uma criança mais quer é poder se expressar, se encantar, se apaixonar, se iludir e fazer daquilo sua realidade. É lúdico. Estranhamente a criança tem o dom de fazer com que um sonho vire realidade.
Quando ficamos adultos perdemos essa confiança básica. Adoramos dizer que tal e tal coisa é ruim e deve ser evitada. A criança consegue transformar o impossível no possível.
Conta uma lenda urbana que uma garota estava num lago congelado tentando salvar o seu cachorro que caira num buraco. Todos à sua volta gritavam para que ela desistisse, afinal era sabido que ela teria o risco certeiro do gelo quebrar e ela cair também. Ela conseguiu tirar seu cachorro. Eis que as pessoas se perguntaram no meio do burburinho: como ela conseguiu? Um jovem cientista, chamado Albert Einstein que estava ali vendo tudo aquilo calmamente respondeu: porque ninguém a convenceu de que ela não podia.
Não estou dizendo que a pura crença pode diluir todos os obstáculos de nossa frente. Mas a simples mudança de perspectiva pode alterar a maneira como vemos o mundo e as coisas à nossa volta. Com um olhar mais amplo eu posso enxergar faces da realidade que até então eu não conseguia.
Com isso faço um convite psicológico. Hoje, procure agir um pouco mais baseado no seu coração. Ouça o que sua criança tem a dizer. Quais os pedidos que ela tem feito e que você tem se negado? Onde você pode se entregar e tem resistido?
You make your own dream. That’s the Beatles’ story, isn’t it? That’s Yoko’s story. That’s what I’m saying now. Produce your own dream. If you want to save Peru, go save Peru. It’s quite possible to do anything, but not to put it on the leaders and the parking meters. Don’t expect Jimmy Carter or Ronald Reagan or John Lennon or Yoko Ono or Bob Dylan or Jesus Christ to come and do it for you. You have to do it yourself. That’s what the great masters and mistresses have been saying ever since time began. They can point the way, leave signposts and little instructions in various books that are now called holy and worshipped for the cover of the book and not for what it says, but the instructions are all there for all to see, have always been and always will be. There’s nothing new under the sun. All the roads lead to Rome. And people cannot provide it for you. I can’t wake you up. You can wake you up. I can’t cure you. You can cure you. – John Lennon
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